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Aprenda com Séries #3: Merlí, o melhor professor de filosofia que existe

Aprenda com Séries #3: Merlí, o melhor professor de filosofia que existe
Maria Clara Martins
Oct. 18 - 8 min read
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Ah, a filosofia! Segundo Pitágoras, a filosofia é o amor pela sabedoria, que é experimentado apenas pelo ser humano consciente de sua própria ignorância.

A filosofia é o estudo de questões gerais e fundamentais sobre a existência, o conhecimento, os valores, a razão, a mente e a linguagem. Descobrir quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

No Aprenda com Séries de hoje, vou falar sobre três filósofos citados na série Merlí, uma produção espanhola da Netflix.

Merlí é um professor daqueles que marca a vida do estudante. É odiado por muitos docentes por ter um estilo de ensinar fora dos padrões e por falar tudo o que pensa, e é exatamente por isso que é amado pelos alunos. A cada episódio, um filósofo é apresentado na sala de aula por Merlí, e todo o enredo é composto em cima do que pregava cada pensador.

A série me atraiu muito, ainda mais por ter tido muito pouco contato com a filosofia na escola. Foi pensando nisso que agora vou mostrar a vocês 3 filósofos que eu conheci assistindo Merlí:

 

Hannah Arendt

 

Hannah Arendt foi uma filósofa alemã que abordou a banalidade do mal. Ela era de origem judaica e quando Adolf Eichmann, um dos principais organizadores do Holocausto, foi julgado em Jerusalém após o fim da guerra, Hannah foi chamada para fazer a cobertura jornalística do caso, o que rendeu o livro intitulado “Eichmann em Jerusalém - Um relato sobre a banalidade do mal”.

Hannah dizia que o mal é algo banal nas sociedades que produzem pessoas que não pensam, podendo ser agravado pela revolta por determinado momento que uma nação esteja passando. A Alemanha havia perdido a 1ª Grande Guerra e a população estava passando muitas dificuldades. Essa situação fez com que um homem prometendo mudar o país, prometendo vida melhor aos cidadãos, subisse ao governo e matasse milhões de pessoas.

No dia do julgamento de Eichmann, a frase que ele repetia a todo o momento era: “Eu não sou o monstro que vocês fazem de mim.” Ele dizia que só estava obedecendo ordens. Ele usava também muitos clichês, frases feitas, mostrando que ele não tinha a capacidade de pensar sozinho. Muitos dos apoiadores do holocausto eram assim: pessoas vendidas, que não possuíam pensamento crítico, que não sabiam distinguir o certo e o errado e que aceitavam muitas coisas só porque eram a lei. Foram pessoas assim que tornaram o mal algo banal, algo corriqueiro.

Hannah concluiu que Eichmann era apenas um homem normal à época, como a maioria da população. Estava desiludido com a situação do país, e acreditou nas palavras da primeira pessoa que apareceu em sua frente prometendo mudanças. A filósofa foi muito criticada por pessoas que a interpretaram mal, dizendo que aparentemente ela estava defendendo Eichmann. Muito pelo contrário, até porque ela teve que se exilar da Alemanha por ser judia. A mensagem que ela quis passar foi que pessoas que não pensam tornam o mal algo banal, pois na cabeça delas estão apenas cumprindo leis. Porém, o ser humano sempre tem a liberdade de agir de outra forma, e é exatamente isso que diferencia pessoas dignas de pessoas sem caráter, pois você sempre terá como escolher o lado certo das coisas, basta pensar de forma crítica.

 

Albert Camus

 

Albert Camus foi um filósofo franco-argelino que tinha como pilar de sua obra o absurdo.

Dizia ele que, a partir do momento que o ser humano decide impor ao universo um sentido, a partir do momento que deseja torná-lo racional, ele percebe que tudo é um grande absurdo.

Vivemos construindo uma vida para morrermos no fim, e muitas vezes morremos antes de alcançar nossos desejos. Vamos ao trabalho e à escola todos os dias, por muitos anos, para termos um futuro melhor, porém o futuro sempre abriga o inevitável: a morte. Sendo assim, por que viver?

Quando alguém chega à essa conclusão, dizia Camus que a pessoa conheceu o absurdo, e quando se conhece o absurdo, só existem duas coisas a se fazer: suicidar-se ou reestabelecer-se. É atribuída ao filósofo a seguinte frase: “Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia.”

Quer dizer que ele apoiava o suicídio? Não, pelo contrário. Camus dizia que é preciso reestabelecer-se, aceitar o absurdo e fazer dele o melhor que pudermos. É preciso aceitar que nada faz sentido, aceitar a vida como ela é, buscando viver da melhor forma possível, pois do absurdo é impossível fugir.

No episódio 3 da terceira temporada, as personagens Tània Illa, Berta Prats e Ivan Blasco presenciam a caminho da escola um homem suicidar-se. É nesse mesmo dia que Merlí apresenta a eles Albert Camus, e conta sobre O Mito de Sísifo, a lenda mitológica que deu nome ao ensaio sobre o absurdo que Camus escreveu.

Sísifo foi castigado pelos deuses a rolar todos os dias pelo resto de sua vida uma pedra até o topo de uma montanha, sendo que toda vez que ele chegava lá em cima, a pedra rolava de volta e ele tinha que subir a montanha com a pedra outra vez. Pense bem, o que fazia Sísifo não fazemos nós todos os dias em nossa eterna rotina diária de ir trabalhar e estudar? É esse o conceito do absurdo de que Camus falava. E o que fazer diante disso? Bem, segundo ele, é preciso imaginar Sísifo feliz. É preciso ressignificar nossa vida e dar sentido a nossa própria pedra na montanha.

 

Guy Debord

 

Guy Debord foi um filósofo francês cuja obra mais famosa chama-se “A Sociedade do Espetáculo”. Nesse livro, ele diz que a comunicação na sociedade é feita através de “imagens”.

Como assim? Pois bem, Debord diz que as pessoas ligam muito mais pra aparência do que pra essência, então elas acabam tornando a vida delas um espetáculo, pois o ser humano tem em si uma necessidade de agir a fim de que os outros o observem. É um eterno “ei, olhe pra mim, me veja”.

Isso fica claro hoje em dia com as redes sociais, onde as pessoas podem manipular como elas querem ser vistas pelas outras, e a intenção é que sempre sejam vistas na “melhor fase”. Grava-se tudo, a todo instante, para depois serem utilizadas as “melhores cenas” nos “melhores momentos”, criando assim a melhor composição de seu próprio espetáculo pessoal no palco da vida.

Essa espetacularização da sociedade tornou normal a documentação de praticamente todos os momentos da vida, e isso pode prejudicar a privacidade das pessoas à longo prazo. No episódio 8 da primeira temporada, a personagem Mònica de Villamore acaba tendo um vídeo íntimo vazado na escola pelo ex-namorado, causando constrangimento à garota. É um exemplo de como a sociedade do espetáculo pode prejudicar os indivíduos que dela participam.

 

 

E aí, já conhecia esses filósofos? Me conta aí nos comentários 👇

Aproveita e dá uma passada na Netflix pra conhecer o Merlí, te juro que vai valer a pena!

 

Que a força da filosofia esteja com você! Um beijo da Maria <3

 

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