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"Domingos precisam de feriados" (ou A arte de não fazer nada)

"Domingos precisam de feriados" (ou A arte de não fazer nada)
Léo Machado
jan. 24 - 9 min de leitura
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Já se sentiu culpado por não fazer nada? Quando termina uma tarefa, imediatamente começa outra? Está participando de “quinhentos” projetos ao mesmo tempo? Acredite, você não está sozinho.

Quando ficamos isolados, entramos em parafuso e começamos a achar que temos que ser mais produtivos.

Em minhas “andanças” pela internet, encontrei um texto que me chamou a atenção e me inspirou a fazer este artigo, “Os domingos precisam de feriados”, do rabino e autor Nilton Bonder. Se quiser pode pular o texto, mas vale a pena a leitura:

Os Domingos Precisam de Feriados

Shabat é o conceito que propõe descanso no final do ciclo semanal de produção inspirado no descanso divino, no sétimo dia da criação. Muito além de uma proposta trabalhista entendemos a pausa como fundamental para saúde de tudo que é vivo.

A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa a vida lentamente se extingue.

Para um mundo que funciona 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta.

Hoje, o tempo de pausa é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupação " para não nos ocuparmos ". A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas.

Fim de dia com gosto de vazio.

Um divertimento que não é nem bom nem ruim.

Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada, que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo.

Entramos no milênio que o mundo é um grande shopping.

A internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária, solitário é quem dorme.

As coisas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e do perder, das informações e dos rumores atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que se pode passar no fim, mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa.

O futuro é tão rápido que se confunde com o presente.

As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias e o domingo de um feriado.

Nossos namorados querem ficar trocando o "ser " pelo " estar ".

Passamos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI - um dia seremos nossos?

Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos.

Parar para não interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção.

O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair - é um dia de atenção de ser atencioso consigo e com a sua vida.

A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é: o que vamos fazer hoje? Já marcado pela ansiedade. E sonhamos com uma vida de 120 anos quando não sabemos o que fazer numa tarde de domingo.

Quem ganha tempo por definição perde. Quem mata tempo fere-se mortalmente. É este o grande "radical livre" que envelhece nossa alegria - o sonho de fazer do tempo uma mercadoria.

Em tempos de novo milênio, temos que resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas.

Não haverá mais sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar.

Afinal por que o Criador descansou? Talvez porque mais difícil do que iniciar um processo, seja dá-lo como concluído.

Rabino Nilton Bonder

Fiquei desempregado por um bom tempo. Durante esse tempo encontrava projeto atrás de projeto para participar. Aprendi inglês sozinho, estudei técnicas de venda, encontrava cursos para “maratonar”. Tudo isso por que o sentimento de culpa me dizia que eu tinha que ser produtivo.

Sua mente não consegue parar, eu sei, a minha também é assim. Devo ter vivido uns 200 anos a mais dentro da minha cabeça. “Aprenda inglês, vai fazer bem para o seu futuro”, “Melhore seu portifólio, vai facilitar você conseguir emprego”, “Faça cursos, você não sabe o dia de amanhã”.

Mas nunca era o suficiente, por que o problema não era o quanto eu estava produzindo e sim a culpa de estar parado enquanto estava desempregado. Eu precisava fazer alguma coisa para preservar minha saúde mental.

O mundo parou, mas as pessoas não

Com o planeta em isolamento, as distâncias aumentaram e o mundo se digitalizou. O universo digital é muito mais rápido que o nosso, reuniões acontecem no mesmo instante, não precisamos mais esperar todos se reunirem, basta enviar o link. Não precisamos mais perder tempo no trânsito.

"Vão dizer que embora um pouco de ócio seja agradável, os homens não saberiam preencher seus dias se só trabalhassem quatro das 24 horas”. Bertrand Russell

O que você faz com todo esse tempo extra em mão? Surta!

Eu vi acontecer com o mundo o que estava acontecendo comigo pouco tempo atrás. Pessoas tentando ser ultra produtivas, mergulhando em vários projetos de cabeça.

Até o que antes era diversão, virou projeto. Nunca se usou tanto os termos “maratonar” e “binge watch” em posts pela internet. Títulos chamativos como “10 séries para maratonar agora na Netflix” nunca nos chamaram tanto a atenção.

A cada mês que passa, mais cursos gratuitos para aparecem e nós poderemos aprimorar nossa formação.

O nosso consumo nas redes sociais aumentou consideravelmente, o Instagram, Facebook, Youtube, se encheram de lives de cantores e shows ao vivo.

Mode On: Não ficar o dia todo sem fazer nada.

“A arte secreta de não fazer nada – by Pak Stre Sar”

Aproveite seus hobbies! Diferente do autor, não acredito que não possamos nos divertir e aproveitar nossos hobbies no nosso tempo livre.

Afinal, livros são uma grande fonte de aprendizado e crescimento pessoal. Filmes acrescentam em conhecimento multidisciplinar. Cozinhar pode ser relaxante a sua maneira.

O que faltou para nós foi saber parar. Fazer as atividades que nos dão prazer para relaxar, tirar a mente do estresse que passamos diariamente, não para preencher lacunas no nosso calendário. Hobby não é tapa buraco.

Embora... eu concorde com ele que precisamos entrar em contato com nós mesmos. Tomar um tempo para nos conhecermos melhor e tomarmos ciência do que está nos incomodando.

Uma ótima forma de fazer isso é meditando.

Confesso que ainda não dominei esta arte e também me pego pensando em trabalho enquanto estou tentando meditar, assim como você. Mas outra forma que pode ser mais eficiente é através de meditação guiada, que não foca em esvaziar a mente, mas focar os pensamentos em algum aspecto pessoal que precise de trabalho.

Desligue seu celular! (Pelo menos por meia horinha, você consegue!). Evite passar horas a fio no Instagram, se comparando com os outros. Garanto que a vida deles está tão desinteressante quanto a sua.

Durma! Tirar um cochilo depois do almoço pode te deixar mais disposto para enfrentar o resto do dia que tem pela frente. Supostamente cochilar por 40 minutinhos depois do almoço traz benefícios a sua saúde.

Se mesmo assim ainda não se sentir confortável, encontre o SEU jeito de se encontrar. O principal objetivo é autoconhecimento e crescimento pessoal. Além disso, sempre mantenha em mente...

Você não precisa ser produtivo o tempo todo!

As pessoas preferem realizar uma ação desagradável do que ficar sem fazer nada. Pelo menos é o que sugere o estudo das universidades de Harvard e Virgínia. Alguns participantes preferiram tomar choques do que ficar de 6 a 15 minutos sem fazer nada.

Louco, mas representa meu ponto. Quando é mais interessante auto mutilação que passar um tempo pensando na vida, algo está muito errado com a nossa vida.

Muitos estudos já mostraram que somos mais produtivos quando estamos descansados, que produzimos mais quando fazemos pausas entre turnos de concentração, do que se trabalharmos várias horas ininterruptas, que já sabemos, podem causar estresse, depressão e enfartos.

Se já ouvimos isso tantas vezes nos noticiários por aí, por que ainda continuamos com os mesmos hábitos?

Não me parece muito diferente de se dar choque.

E você? Já passou por isso alguma vez na sua vida? Qual foi a forma que você encontrou para relaxar?  Deixe seu comentário ou feedback, compartilha com aquele seu amigo workaholic, e até a próxima!

 

VAI DORMIR!


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