Aulas, debates, trabalhos em grupo, provas, seminários, estágios, emprego... a rotina do estagiário é intensa e potencializou nesses anos pandêmicos.
Ficar cansado após uma semana intensa de trabalho não costuma ser preocupante. É natural se cansar depois de um dia/semana muito corrida e cheia de demandas...
Até certo ponto.
Nem todo mundo consegue chegar em casa e descansar totalmente, pois algumas outras responsabilidades estão à espera, como os estudos ou a família, por exemplo.
Isso não é relativizar o cansaço, no entanto, é algo que faz parte da vida dos profissionais. Ninguém é de ferro, independente de qualquer coisa, ainda assim, o corpo e a mente precisam descansar.
Entretanto, sempre há os extremos e são neles que precisamos prestar atenção.
Muito se tem falado sobre um problema que tem acometido milhares de pessoas ao redor do mundo, a Síndrome de Burnout.
O que é?
De acordo com o Ministério da Saúde, essa síndrome pode ser definida como um "distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade". Em 2019, a Organização Mundial da Saúde a incluiu em sua 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11).
O distúrbio também pode acontecer quando o profissional é incumbido ou planeja fazer algo considerado muito difícil, só que algo o leva a crer que ele não é capaz de realizar a atividade.
Como o jovem tem lidado com essas questões no trabalho?
Geração Z. Os jovens que nasceram entre os anos 90 e início de 2010, são mais preocupados com esse tipo de questão e é por isso que assuntos como esse estão vindo a tona (e que bom, né?!).
Obviamente, não algo exclusivo entre os jovens e não quer dizer que eles são os que mais sofrem com o distúrbio, mas é importante salientar que este grupo é responsável por trazer questões como essa para o centro do debate.
A Síndrome de Burnout sempre existiu e, certamente, muitos profissionais sofreram com esse distúrbio no passado e pouco se foi falado a respeito. Isso se deve ao fato de que o comportamento entre gerações muda, consequentemente, a forma como os profissionais lidam com esse tipo de situação também.
Burnout x Estresse x Depressão
Apesar das semelhanças, muitas pessoas ainda podem confundir essa síndrome com depressão e estresse, que são coisas completamente diferentes. Confira os sintomas de cada um para conseguir identificar melhor:
- Burnout
O Burnout pode ser vivenciado de formas distintas, portanto, alguns casos não apresentam todos os sintomas. Confira alguns:
- Sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia;
- Aumento do distanciamento mental do próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho; e
- Redução da eficácia profissional: os sintomas relacionados à produtividade são decorrentes dos sinais mentais e físicos, que costumam prejudicar o rendimento profissional. Ao se sentirem despreparados para as tarefas ocupacionais, alguns profissionais podem se ausentar do local de trabalho, caracterizando o absenteísmo.
- Estresse
Segundo a medicina, o estresse é uma reação fisiológica desgastante de adaptação do organismo.
Apesar de natural a vida humana, a tolerância ao estresse deve ser trabalhada constantemente para não ocasionar outros problemas, tal como a síndrome de burnout. Além da irritabilidade e outros efeitos emocionais na pessoa, o estresse também é identificado por outros sintomas:
- Dificuldade de concentração;
- Problemas de memória;
- Dor de cabeça constante e/ou enxaqueca;
- Dores musculares;
- Desconforto e problemas intestinais;
- Náusea e/ou tontura;
- Batimento cardíaco acelerado e/ou dores no peito.
- Depressão
No lado mais grave do espectro neuropatológico temos a depressão. Ela sim, é uma doença psiquiátrica crônica, que afeta pessoas de todas as idades. Como o nome já indica, é uma alteração do humor caracterizada por uma profunda e constante tristeza. Normalmente também acompanham sentimentos como mágoa, desesperança, baixa autoestima e culpa.
No Brasil, a depressão afeta 5,8% da população e é um fator agravante para o aumento de suicídios no país. Infelizmente, é um transtorno que tem se tornado cada vez mais comum e que precisa de atenção. Alguns sintomas comuns são:
- Perda ou ganho não intencional de peso;
- Frequente insônia ou sonolência excessiva;
- Frequente dificuldades psicomotoras (agitação ou apatia);
- Cansaço e fadiga constante;
- Sentimento constante de culpa e inutilidade;
- Dificuldade de concentração;
- Alteração de libído;
- Baixa autoestima, e
- Pensamentos recorrentes de suicídio ou morte.
A manifestação da depressão pode variar dependendo do caso, mas seja qual for o nível do transtorno, é importante que o tratamento comece o quanto antes, pois é um processo que pode demorar. Em casos menos severos, as psicoterapias são o mais indicado, porém quanto mais agudo o quadro depressivo, mais importante é consulta com um psiquiatra.
Como evitar o Burnout?
O primeiro passo é lembrar, sempre, que responsabilidade é diferente de compulsão ou vício. Por mais responsável e apaixonado pelo trabalho que você seja, deve estabelecer limites para suas atividades ocupacionais e estudantis, evitando que se sobreponham às horas de lazer e descanso.
Ou seja, nada de dar aquela espiadinha no e-mail corporativo aos finais de semana ou estudar 12h por dia, sem necessidade. Também é válido investir no autoconhecimento para ser capaz de identificar alterações importantes no seu comportamento quanto ao trabalho.
Confira outras dicas de prevenção, segundo o Ministério da Saúde:
- Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal;
- Mantenha uma rotina saudável de sono, dormindo pelo menos 8 horas por noite;
- Participe de atividades de lazer com amigos e familiares;
- Faça atividades fora da rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao cinema quando puder;
- Evite o contato com pessoas tóxicas e que vivam reclamando;
- Converse com alguém de confiança sobre seus sentimentos;
- Faça atividades físicas regulares;
- Evite o consumo de bebidas alcoólicas, cigarro ou outras drogas;
- Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica.
E as empresas? Como elas podem evitar que seus colaboradores sofram com a Síndrome de Burnout?
A síndrome está intimamente ligada a fatores organizacionais, pedindo uma atenção especial por parte dos gestores para a forma como o trabalho é estruturado e cobrado. A combinação entre longas jornadas, pressão constante e competitividade pode ser extremamente prejudicial para a saúde mental dos colaboradores. é necessário repensar a necessidade de horas extras e de metas muito ousadas, que podem ser divididas e remanejadas através de um bom planejamento.
Existem outras iniciativas importantes que as empresas devem ter, como:
- Cumprir normas da medicina e segurança do trabalho;
- Não exigir metas abusivas;
- Incentivar o bom relacionamento entre os colaboradores;
- Oferecer benefícios que visem o bem-estar;
- Incentivar ou até mesmo oferecer acompanhamento psicológico.
Ajude ou busque ajuda
Agradeço se você chegou até aqui.
Se você acha que sofre ou conhece alguém que sofre algumas dessas condições, busque ajuda adequada o quanto antes. Psicólogos devem ser acionados o mais cedo possível para que seja para que possam cuidar da situação.
E você? Tem se cuidado? Já passou por algo assim? Conhece alguém que já?
A vida não é fácil, mas ela não pode ser um sacrifício.
Até a próxima!
fontes:
conceito e prevenção: ministério da saúde; ciaestágios; nube
diferença burnout x estresse x depressão: soulmedicina