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Como a cultura ágil fortalece pessoas e organizações em tempos de transformação

Como a cultura ágil fortalece pessoas e organizações em tempos de transformação
Caio Boggiss
Aug. 3 - 6 min read
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O que não falta neste momento são previsões de como será nosso futuro pós pandemia. Dos estudos mais sérios aos pitacos entre amigos, uma coisa não muda: muita coisa vai mudar.

Acontece que a mudança em si não é uma novidade. É inerente à nossa natureza. O mundo daquela pessoa que todo dia faz tudo sempre igual só existe na poesia Buarqueana. A cada momento vivemos mudanças mais constantes, rápidas e radicais. E com isso mudamos nosso modo de agir, nossa cultura e nossos negócios para nos adaptarmos e prepararmos para estas transformações.

Mas será?

Realmente estamos preparados para transformar nossa cultura e, em especial, a forma que fazemos negócios?

E mais ainda, se a mudança é uma certeza, como podemos minimizar seus impactos?

(spoiler alert: Pessoas e organizações ágeis estão mais fortalecidas para sobreviver à pandemia e prosperar no futuro)

A resposta, na minha visão, está na cultura ágil: Pessoas e organizações ágeis estão mais fortalecidas para sobreviver à pandemia e prosperar no futuro.

Por que?

Como a própria cultura ágil prega: vamos aprender com o passado! 

Anos 90/00: Boom tecnológico, globalização, popularização dos computadores, internet, celulares e mais uma infinidade de novidades que o mundo inteiro vivenciou naquele curto espaço de tempo exigiram uma profunda transformação nas pessoas e empresas. Novos lançamentos, que antes aconteciam a cada década, brotavam a cada ano. Produto inovadores ficavam obsoleto em meses. O valor para o cliente não era mais o mesmo. A relação empresa x cliente não era mais a mesma. E, com isso, a cultura das empresas não podia mais ser a mesma. Deste cenário, a partir de um encontro de desenvolvedores e executivos de tecnologia, surgiu o Manifesto Ágil que é base de diversos modelos de gestão ágeis que hoje tanto se popularizou.

E aqui vem o primeiro porquê: A cultura ágil nasceu em um momento de profunda transformação para endereçar exatamente esta dor: precisamos saber lidar com a constante mudança que o mundo exige. (alguma semelhança com o que estamos vivendo?)

O segundo porquê está enraizado na cultura ágil:

O Manifesto ágil (mais dados aqui) nada mais é do que um conjunto de apenas 4 valores e 12 princípios para fundamentar a o processo de desenvolvimento de software. Todas as metodologias ágeis que conhecemos, como Scrum, Safe, XP, Kanban, OKR, Design Thinking entre outras são baseadas neste manifesto. Ao longo dos anos estes valores e princípios extrapolaram o universo da tecnologia e hoje são aplicados às mais diversas áreas, do marketing a gestão de recursos humanos. Mas independente da área, os valores e princípios não mudam e são alicerces da cultura destas organizações.

Alguns exemplos (3 valores e 3 princípios) de como essa cultura ajuda a fortalecer estas organizações em tempos como este que estamos vivendo:

Valor: Os indivíduos e suas interações mais importantes que procedimentos e ferramentas.

  • Por mais importante que seja seu processo produtivo, certamente houve uma ruptura nestes últimos meses. Organizações com uma cultura estabelecida de confiança e constante comunicação com seus colaboradores tiveram muito mais facilidade para se adaptar a nova realidade e, também, seus procedimentos e ferramentas.

Valor: A colaboração com o cliente mais importante que a negociação e contrato.

  • Evidente que contratos têm sua importante. Mas organizações ágeis priorizam relações transparentes com seus clientes e fornecedores. Em tempos de crise este tipo de relação pode ser a diferença entre sucesso e fracasso em todos os níveis: da negociação com sindicatos a relação proprietário x inquilino.

Valor: A capacidade de resposta a mudanças mais importante que seguir um plano pré-estabelecido.

  • Esse é o meu preferido! Sabendo que mudanças acontecem, organizações ágeis, apesar de terem um plano, entendem que ter agilidade para endereçar as mudanças é mais importante que seguir aquele plano a qualquer custo. Você ainda acha que vai conseguir realizar tudo o que planejou no começo do ano? Quão rápido é o seu processo interno de revisão deste plano? Como sua cultura organização trabalha com este tipo de “frustração”?

Princípio: Satisfazer o cliente entregando de forma rápida e contínua.

  • Talvez o princípio mais importante de todo manifesto que eu interpreto como: Entregue rápido para entregar sempre pois tudo muda, até a aptidão do cliente para comprar. Empresas com processos produtivos muito longos (independente do produto ou serviço) tem menos chance de conseguir produzir e vender seus produtos em tempos de crise. O que era valor para o cliente há 3 meses já não é mais. O que ele estava disposto a gastar, já não está mais. E a tendência é que continue assim. Repense sua cadeia de produção de valor para responder essa pergunta: como posso entregar valor para meu cliente agora?

Princípio: Mudanças são bem-vinda, até mesmo as tardias.

  • A mudança além de ser um valor aparece novamente como um princípio. E nestes momentos em que a mudança é a única constante que conhecemos, abrace. E abrace rápido. Se ainda não abraçou, abra os braços. O quanto antes sua organização entender e abraçar as mudanças, mais rápido vai poder atuar na transformação

Princípio: Melhores resultados emergem de equipes auto-organizáveis.

  • Organizações com estruturas mais horizontais e transparentes com colaboradores mais empoderados de suas habilidades têm muito mais facilidade de atuar de forma remota do que aquelas com vários níveis hierárquicos, chefe controlando detalhadamente a atividade dos funcionários e funcionários constantemente esperando instruções do que fazer não se sustenta na nossa nova realidade. Esta mudança de comportamento já aconteceu, só que é muito mais dolorosa para organizações que ainda vivem neste segundo modelo.

 

Para finalizar o texto, uma última pergunta: o que fazer quando sua empresa não possui uma cultura ágil e não está preparada para estas mudanças?

Minha resposta: 

Experimente!

Como o próprio ágil prega, implemente aos poucos, de forma gradual. Cultura não se muda por decreto ou simples força de pensamento. Dá trabalho, é difícil, um monte de gente vai virar o olho. Você vai errar bastante no caminho, mas vai analisar o que errou e ajustar.

E é assim, aos poucos, aprendendo com os erros e com os acertos, colaborando entre si, que você, eu, e todos nós vamos chegar do outro lado.

Boa sorte para todos nós.


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