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5 livros que podem te auxiliar em sua jornada #AUtodidata

5 livros que podem te auxiliar em sua jornada #AUtodidata
Lucas Costa Souza
Jul. 26 - 8 min read
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Em meio aos diversos cursos que podem potencializar as suas capacidades intelectuais, por vezes, nos esquecemos de um dos meios mais analógicos de se obter conhecimento: através da leitura solitária dos livros, tornando-se um autodidata.


Caso você, caro leitor, opte por esta brilhante modalidade, encontrará diversos obstáculos. Alguns deles estão relacionados a infinitude de publicações que possuem este escopo, prometendo-lhe formas milagrosas de aprendizagem. O que eu lhe ofereço não é absolutamente nada disto, mas sim, um breve compêndio de alguns dos livros clássicos que poderão ser utilizados para melhorar a sua capacidade de apreensão independente da área que você atue.

Sim, meu caro, você não leu errado.

Primeiramente, vamos dar nome aos bois. Caso você esteja se perguntando: "Lucas, o que é um livro clássico?", vem comigo!

Um livro é tido como clássico, uma vez que é entendido que o seu conteúdo é atemporal. Dito de outro modo, é como um vinho que ao passar dos anos torna o seu sabor cada vez mais rebuscado, e por conta disto, é cada vez mais valorizado.

Muitos dos gênios que passaram por este planeta, possuíam modelos rígidos de ensino – como o Trivium e o Quadrivium, mas estes são assuntos para outro post. A base destes ensinos era um pensamento filosófico denominado de Escolástica – caso o leitor não se recorde das aulas do Ensino Médio, não se preocupe, pois lá você não encontrará nada de muito relevante sobre o assunto, mas dito de forma resumida, a Escolástica era uma forma de racionalizar o pensando medieval cristão à filosofia grega. Um de seus principais expoentes, trata-se de São Tomás de Aquino. Dentre os estudantes das chamadas artes liberais (Trivium e Quadrivium), você encontrará personagens icônicos como Shakespeare, e mais uma plêiade de intelectuais. 

Quero que com isto você perceba, caro leitor, que os livros que aqui indico são metodologias para uma vida de estudos que te levará não só a uma vaga desejada, ou a um curso de seu interesse, mas que poderá modelar até mesmo a sua personalidade. Caso não esteja habituado com uma leitura um pouco mais datada, pode parecer cansativo em uma primeira impressão, mas não desista. O trabalho intelectual exige esforços tal como o treino físico em uma academia. E se você chegou até aqui neste texto, eu te asseguro, confie em seu potencial, pois ele dará facilmente conta dos livros que se segue. Então, sem mais delongas, vamos lá!

1 - A Vida Intelectual: Seu espírito, suas inspirações, seus métodos

Esta obra prima escrita pelo brilhantíssimo Padre Antonin-Gilbert Sertillanges, sintetiza todo espírito da vida intelectual, principalmente em suas raízes escolásticas e em como ela está impregnada na personalidade de cada um de nós. Sertillanges nos faz perceber que a educação não é um meio para atingir a algum fim, mas sim, o fim em si mesmo. Educar-se é estar mais alinhado a Deus (não vamos esquecer que o livro foi escrito por um Padre), e exige tanto esforço em raciocínio como uma academia exige de esforço físico. Minha vida é divida em: antes e depois da leitura deste livro. Deixo aqui, um recado deste modesto eclesiástico para os jovens que buscam conhecimento:

"Jovem, o senhor que entende esse linguajar e que os heróis da inteligência parecem chamar misteriosamente, mas que receia estar despreparado, escute-me. O senhor dispõe de duas horas por dia? Pode comprometer-se a resguardá-las com todo egoísmo possível, a empregá-las com todo o ardor possível, e, em seguida, destinado , também o senhor, ao Reino de Deus, é-lhe possível beber o cálice cujo sabor requintado e amargo estas páginas gostariam de dar-lhe a experimentar? Se a resposta for sim, tenha confiança. Mais do que isso, encontre repouso na certeza."
A. G. Sertillanges

Sertillanges nos dá um guia para nos tornar um autodidata completo!

2 - O Trabalho Intelectual

Esta obra pode ser tratada como um apêndice à primeira. Porém, desta vez, escrito por um filósofo, Jean Guitton. Como segue a mesma perspectiva que o livro anterior, podemos dizer que um complementa o outro, e por vezes pode parecer repetitivo ao leitor. Não se engane. Permita que o grandiosíssimo Guitton pegue em sua mão para poder te auxiliar, como um paciente professor, na sua vida autodidata.

3 - Conselhos Sobre o Trabalho Intelectual

Clássico feito pelo pedagogo Louis Riboulet, este que por sinal não possui papas na língua e com certeza lhe dará puxões de orelha, atacando inclusive a monotonia acadêmica. Deixo aqui, pelas palavras do próprio, a sintetização de sua obra:

“Meu querido amigo, não ensino nada de novo ao dizer que encontrarás, por vezes, dificuldades em teu caminho. Não temas. A provação é a têmpera das almas: por ela, os fortes tornam-se heróis, como o carvalho que se fortalece com os ventos tempestuosos; os fracos fortificam-se ou pelo menos, como a cana, aprendem a nutrir-se da torrente que os agita. Portanto, não temas as horas penosas de tua vida de estudante. Arma-te cada dia de valentia. Se fores corajoso vencerás a dificuldade, e suas lições ser-te-ão de um preço inestimável.”
Louis Riboulet

 

4 - Didascalicon: Sobre a Arte de Ler

Livro elaborado por Hugo de São Vitor, precursor do que iria vir posteriormente pelas mãos de S. Tomás de Aquino, a Suma Teológica. Aqui, reunindo os conceitos do Trivium e do Quadrivium, Hugo dá uma aula sobre os principais aspectos da vida intelectual em conjunto com uma vida espiritual. Este livro me prendeu do início ao fim, recomendo muitíssimo a edição bilíngue, pois você poderá treinar o latim. Anote tudo, pois cada tópico deste livro possui um poder de sintetização monstruosa, e permite que você discorra facilmente páginas e páginas sobre o que o Hugo expõe em um parágrafo.

 

5 - A Educação da Vontade

Este livro é uma sequência de socos no seu estômago, caso você seja, assim como eu era, um procrastinador nato. Este livro me salvou, e caso esteja com a síndrome do Pica Pau ("não deixe para fazer amanhã o que pode ser feito... depois de amanhã!"), este livro será eficaz como uma Benzetacil. Jules Payot, autor do livro, também pedagogo, nos conta uma história que vivenciou. Dizia ele que estava andando por um desfiladeiro, quando se desequilibrou e quase estatelou-se no chão, ao ser acossado por um sino de uma catedral. Por sorte, manteve o equilíbrio, mas sempre que ouve um sino catedrático, sente arrepios devido ao ocorrido (faltou uma terapia aí! heheh). Payot ensina que, assim como sua mente programou este trauma, é possível se organizar mentalmente para organizar tarefas de forma cada vez mais eficaz. Este livro, em minha modesta opinião, deveria ser lido por todos. 


Eu havia planejado acrescentar a este tópico a Trilogia da Inteligência, do professor Pierluigi Piazzi (que por sinal, tinha muito apreço por autodidatismo), porém, ficará para depois. Merece que seja tratado com mais acuidade. Todos acima merecem também, mas Piazzi se propôs a escrever uma trilogia que só pode ser entendida se interpretada à luz de seu próprio conjunto, fora que, já me prolonguei demais. :-)

Estes livros acima não são livros para serem lidos. São livros para que você os execute. Incorpore as dicas que estes mestres do ensino possuem para fornecer, e lhe asseguro, que isto mudará radicalmente a forma que você interpreta os seus estudos. Tornar-se-á mais focado, menos preguiçoso e poderá reter aquilo que está sendo aprendido para sempre em sua memória.

 

Post Scriptum

1 - Meus agradecimentos para a comunidade Contra Os Acadêmicos. Por meio deles, tomei conhecimento de todas estas obras e muitas outras que foram omitidas neste post, mas que com certeza tratarei futuramente.

2 - O post sobre o Piazzi já saiu! Você pode lê-lo clicando aqui


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