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Um segredo da Matilda para ler livros de GRAÇA!

Um segredo da Matilda para ler livros de GRAÇA!
Bia Trivillin
mar. 16 - 8 min de leitura
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A personagem Matilda encanta qualquer um com sua inteligência acima da média. E se você nasceu entre o final dos anos 90 e o início dos anos 2000, ela certamente fez parte da sua infância. Essa personagem brilhante é conhecida por seus poderes de levitação, mas outra coisa que chama atenção nessa história é seu amor pela leitura.

Em meio a uma família disfuncional e algumas confusões na escola, a menininha encontrou abrigo nas páginas de seus livros.  Matilda descobriu que a leitura pode ser como um abraço que acolhe, e que a companhia de bom livro pode ser sinônimo de um ombro amigo. E são muitos os que, como a personagem, encontram repouso e amparo em cada frase escrita.

Mas todos nós sabemos que a leitura não se limita ao papel de “companheira salvaguarda”. Voltaire nunca esteve tão certo como quando disse que “a leitura engrandece a alma”. Os livros podem ser o caminho mais curto para o conhecimento e evolução pessoal. Esse hábito é peça chave no desenvolvimento de competências essenciais na vida de qualquer indivíduo. Raciocínio lógico, empatia, imaginação, senso crítico, comunicação - essas são apenas algumas de muitas outras habilidades exercitadas durante o contato com a leitura.

E se você gosta de ler, aposto que você sempre sonhou em reproduzir a clássica cena em que Matilda se senta no sofá rodeada por pilhas e mais pilhas de livros. Entretanto, a prática da leitura nunca pareceu tão inacessível. Com uma intensa crise econômica, a inflação nas alturas e os altos índices de desigualdade, manter o hábito da leitura nunca foi uma missão simples para aqueles que enfrentam certa vulnerabilidade socioeconômica. E agora, com uma Receita Federal que acredita que “só rico lê”, a reforma tributária que assombra os leitores desde 2020 configura outra ameaça ao acesso aos livros.

Mas suas preocupações acabaram. A Matilda tem um segredo que vai te ajudar a nunca mais pagar caro para manter seus hábitos de leitura: BIBLIOTECA PÚBLICA. Essas duas palavrinhas vão te fazer entender de uma vez por todas que livro não é luxo, é necessidade básica e que todos devem ter direito de acesso a leitura e informação.

Você deve se lembrar das aventuras vividas por Matilda na biblioteca. E se você acha essa cena “gringa demais”, é porque você ainda não conhece o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP). O SNBP costuma ser tão esquecido que até parece um segredo mesmo. Mas fique tranquilo, que até o final do artigo você vai saber tudo sobre essa instituição incrível. E o melhor, você vai descobrir como pode ser fácil ler muito sem pagar nada por isso.


O QUE É O SNBP?

O Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) é o órgão de administração do Brasil responsável pela manutenção da política nacional das bibliotecas públicas.

A instituição foi criada em 1922 com o Decreto Presidencial nº. 520, de 13 de maio do mesmo ano. E desde então vem fazendo parte do desenvolvimento de ações como o PROLER, o Agentes de Leitura, o PNLL e diversas outros projetos que reafirmam o acesso a leitura e informação como direito básico de qualquer cidadão.

O SNBP está fortemente presente nas diretrizes da Política Nacional de Leitura e Escrita, lei outorgada em 2018 com o objetivo de universalizar o direito do acesso a leitura e desenvolver trabalhos em torno de seu incentivo. Para isso, a instituição atua em parceria com 27 Sistemas Estaduais de Bibliotecas Públicas, reunindo mais de 5293 bibliotecas municipais, distritais, estaduais e federais espalhadas pelo Brasil.


COMO FAZER EMPRÉSTIMOS DE LIVROS?

Se você acredita que entrar em uma biblioteca é sair decepcionado e com alergia a mofo, você está muito enganado. Com o avanço tecnológico, o acesso a informação foi simplificado e as bibliotecas públicas deixaram de ser apenas depósitos de enciclopédias empoeiradas. Hoje, qualquer tipo de material pode ser encontrado nas prateleiras, desde os filósofos mais célebres às histórias de romance mais clichês. As bibliotecas possuem um acervo rotativo gigantesco que atende a todos os gostos e necessidades.

O primeiro passo para aproveitar esses acervos incríveis é encontrar as bibliotecas mais próximas de você. Para isso, é só acessar o site do SNBP, entrar na área de “Informações de Bibliotecas Públicas” e selecionar o estado em que você está. Depois, basta localizar seu município e seu bairro na relação de bibliotecas.

Com a biblioteca escolhida, você só vai precisar fazer sua inscrição para começar a retirar seus materiais de leitura. Cada rede de bibliotecas possui normas específicas para o empréstimo de livros. Na maioria dos casos, basta um comprovante de residência e um documento com foto para fazer a carteirinha. Mas é importante buscar o regulamento de empréstimos referente a sua biblioteca, para saber mais sobre a inscrição, prazos de devolução e outras informações importantes.

Para completar, já faz algum tempo que as bibliotecas ultrapassaram sua função educacional e informacional. Além de possibilitar empréstimos de livro, CDs e DVDs, a biblioteca pública pode disponibilizar seu espaço para eventos culturais, workshops e muito mais. Algumas instituições possuem até mesmo computadores para pesquisa, salas de reunião, espaços musicais e salas para atividades artísticas. Por isso, fique sempre atento às redes de comunicação das suas bibliotecas favoritas para não perder nenhuma programação.


A FRUSTRAÇÃO DAS MATILDAS 

O SNBP pode ser a salvação para as “Matildas devoradoras de livros”. Porém, o órgão, que nunca foi bem acolhido pelas políticas públicas, vem sofrendo um intenso desmonte nos últimos anos.

Quase 800 bibliotecas públicas encerraram suas atividades em apenas 5 anos. Entre 2015 e 2020, pelo menos 764 bibliotecas foram desativadas, uma biblioteca a cada dois dias. Os números são impressionantes, mas segundo especialistas, o total de bibliotecas fechadas pode ser ainda maior. Com a extinção do antigo ministério da Cultura, a administração do SNBP foi extremamente afetada, o que representa também uma grande precarização do controle de dados que alimentam o sistema nacional. É uma pena que exista esse abismo tão notavelmente contraditório entre a realidade e o Plano Nacional da Cultura. Aquele que, vigente desde 2010, tinha como uma de suas metas garantir a implantação e manutenção de bibliotecas em todos os municípios brasileiros.

“[…] uma força viva para a educação, cultura, inclusão e informação, como um agente essencial para o desenvolvimento sustentável, para o desenvolvimento da paz e bem-estar espiritual de todos os indivíduos.” Assim a UNESCO define a biblioteca pública em seu manifesto. Esse simples trecho resume a importância gigantesca dessas instituições no desenvolvimento cultural de indivíduos e grupos sociais, e portanto, na construção de uma sociedade mais igualitária.

Diante da precariedade de uma instituição tão indispensável, as Matildas espalhadas pelo Brasil gritam em uníssono que "livro é direito básico". Clamores que vêm sendo ignorados há muito tempo. Mas a esperança mantém-se firme em nossos corações. E com muita força e persistência o grito de todas as Matildas ainda será ouvido e acudido.



Fontes:

IFLA UNESCO, “Manifesto da Biblioteca Pública IFLA-UNESCO 2022,” Repositório - FEBAB, acesso em 15 de março de 2023. <http://repositorio.febab.org.br/items/show/6247>.

Thais Carrança CARRANÇA, Thais, "Brasil perdeu quase 800 bibliotecas públicas em 5 anos", BBC News Brasil, acesso em 16 de março de 2023. <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-62142015>

BRASIL. Lei Nº 13696, de 12 de julho de 2018. Política Nacional de Leitura e Escrita. Diário Oficial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF. 

<http://snbp.cultura.gov.br/>






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