Há um acordo tácito entre os grandes estudiosos da nossa literatura em classificar o livro como parte do nosso pré-modernismo, uma fase literária marcada pelas mudanças, a palavra chave é destruição, mas não há destruição física, uma destruição dos ideais das escolas anteriores.
Policarpo Quaresma é um ufanista, patriota, apaixonado pelo Brasil. Homem simples, não tem muitas posses, comprou a patente de major o que era possível na época, conhecido como o major Quaresma - subsecretário do arsenal da guerra. Tende ao nacionalismo exacerbado, com ideias loucas para resgatar a identidade brasileira, acreditando que a solução seria impor uma Revolução Nacionalista.
Ele tem esse fanatismo patriótico o que faz ser muitas vezes incompreendido e até mesmo ridicularizado. Busca salvar o Brasil através da cultura, na tentativa de valorizar o país aprende a tocar violão (algo marginal, visto como coisa de desocupado) ao estudar, descobre que a maioria das modinhas eram importadas, decide mudar o foco para as tradições tupinambás, substituindo o violão pelos instrumentos indígenas, os maracas.
Outro ponto importante a ser destacado nesta análise diz respeito ao tratamento das relações interpessoais descritas por Lima Barreto, ao retratar de maneira amável e afetuosa as relações mais íntimas do personagem de Quaresma como por exemplo: a personagem de Adelaide, irmã de Quaresma, a quem Quaresma tinha grande afeto,o personagem Ricardo Coração dos Outros, que até o final do romance se mostra um fiel amigo de Quaresma, e da personagem Olga, sua querida afilhada.
O protagonista do livro trata de pelo menos três problemas da realidade brasileira: a língua, a agricultura e a política. Diante de tanto patriotismo e devoção às coisas do Brasil o nosso major Policarpo chega a uma conclusão no mínimo inusitada, ele insiste que o Tupi Guarani deve ser o novo idioma do país, já que a língua é a manifestação cultural mais importante para os brasileiros. E, para isso, deveríamos manter nossas origens e o idioma para ele era o começo.
Major Quaresma foi mandado para o hospício, o único lugar considerado adequado as suas ideias.
Após a internação de Quaresma, este se recupera física e mentalmente ,e, ao deixar o sanatório passa a crer que os problemas econômicos do Brasil seriam solucionados por meio de uma reforma na agricultura, o que resulta na mudança de sua residência, ou seja, ele deixa o Rio de Janeiro com sua irmã Adelaide e se muda para o Sítio do Sossego, que se situava a duas horas do Rio de Janeiro por estrada de ferro.
Entretanto, em pouco tempo vivendo no interior, e tentando plantações em seu sítio, ele se vê vencido, dominado pela má qualidade do solo de suas terras, pelo capim que as cobria, pelas plantações que não prosperavam e pelas saúvas, que eram aos milhares e invadiam a despensa do sítio carregando as reservas de alimentos.
Após Quaresma perder tudo o que havia investido no Sítio do Sossego, resolve voltar ao Rio de Janeiro com o intuito de se alistar como soldado voluntário, para salvar sua pátria, no movimento da Revolta da Armada, revolta esta que estava ocorrendo na cidade do Rio de Janeiro, consegue se alistar no exército em favor do Governo de Floriano Peixoto.
Muito utópico enxerga esse como sendo um cenário favorável, onde se tem um governo forte e resistente à oposições políticas. Quaresma crê em uma administração governamental forte, respeitada, inteligente e com leis sábias e dessa maneira, a pátria seria feliz. Logo, se vê decepcionado com a figura de Floriano, o qual se revelou um homem preguiçoso, displicente, vulgar, sem qualidades intelectuais, entre outras impressões negativas.
A Revolta da Armada é abafada e contida, de maneira vitoriosa, pelo exército de Floriano Peixoto, Quaresma, então é enviado para a Ilha das Enxadas com a função de carcereiro dos prisioneiros capturados de guerra.
Esses prisioneiros são levados, sem nenhum direito a julgamento e defesa, para sumário fuzilamento por ordem expressa de Floriano Peixoto.
Quaresma redige uma carta ao Presidente Floriano Peixoto, expressando seu descontentamento com a atitude extrema, e com a falta de respeito aos direitos humanos dos prisioneiros que deveriam ter um julgamento justo.
Quaresma é preso por ordem de Floriano Peixoto, e enviado à Ilha das Cobras como prisioneiro de guerra e acaba tendo o mesmo fim trágico dos prisioneiros de guerra.
Lima Barreto critica a sociedade e seus costumes, abrange preconceitos e as diferenças sociais da época. Vemos em sua obra uma reação natural do homem que veio da classe média suburbana e reage como suburbano.