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Slow blogging, uma filosofia em ascensão

Slow blogging, uma filosofia em ascensão
Elisa Carletto
Aug. 31 - 7 min read
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      “Slow blogging é uma rejeição ao imediatismo. É uma afirmação de que nem todo conteúdo que merece ser lido foi escrito rapidamente” — Todd Sieling, em Slow Blog Manifesto

      A nem-tão-nova-assim filosofia de produção de conteúdo chamada slow blogging busca sustentabilidade e qualidade ao invés de rapidez e quantidade.

 

Foto tirada de cima de um homem mexendo no computador - vê-se apenas as mãos sobre o teclado.

      Por que, porém, esse movimento surgiu? Qual é o problema do “fast blogging” e qual a necessidade de aderir ao slow?

      Bem, a resposta é um tanto simples e bastante lógica.

      Muitos blogs postam diariamente ou até mesmo várias vezes em um único dia. The Huffington Post e Buzzfeed, por exemplo, podem produzir mais de 300 posts diários, o que não dá tempo ou espaço para seus leitores realmente digerirem o conteúdo.

      Nesses sites, leitores vem e vão enquanto anunciantes assinam contratos alegremente.

      Porém, enquanto uma quantidade inumana de posts pode dar maior retorno financeiro, qual a credibilidade e a qualidade de quem posta compulsivamente?

      Há quem deseja ser reconhecido e lembrado por algo verdadeiramente bom ao invés lido várias vezes por um conteúdo mediano. O dilema “qualidade versus quantidade” é o principal.

      E assim surgiu o slow blogging, que preza por valorizar o processo de produção e o conteúdo final.

 

pessoa mexendo no notebook em uma mesa com caderno, anotações, livro, um copo de café e um vaso de plantas

      Colocar em prática tal metodologia significa apreciar o momento de criação. Ao invés de encarar como obrigatoriedade, o slow blogging incentiva a elaboração de conteúdos quando há vontade e interesse, em oposição ao que é criado para preencher espaço.

      Por conta da abordagem respeitosa ao processo de produção, o resultado final possui mais qualidade. Produzir com apreço e curiosidade, sem pôr-se como inimigo do relógio, resulta em obras mais aprofundadas — pois há tempo de  ler, pesquisar, estudar, organizar as ideias, escrever,  revisar, repensar... e o conteúdo acaba por ser superior ao que se faz às pressas, sob pressão e de maneira rasa.

      Outro ponto imprescindível para a filosofia de slow blogging é o porquê.

      Qual o objetivo que se tem ao postar algo? Quem são as pessoas que você quer alcançar?

      Ao falarmos de fast blogging, lidamos com postagens que buscam números e engajamentos. Porém, a conduta slow é diferente: almeja-se criar com propósito e valor, saber o porquê de se estar postando, desejar o alcance pessoas que compartilham de ideias semelhantes, levantar questionamentos, ser reconhecido por algo criado com carinho, no qual investiu-se tempo, que é bom para ambos criador e consumidor, feito com atenção e do qual orgulha-se.

 

Um homem sorri enquanto aponta para a tela do celular que uma mulher ao seu lado segura, enquanto também sorri.

      Além de ter o nível do conteúdo aumentado quando se deixa de produzir “para inglês ver” e se passa a criar apenas quando possui inspiração, há outras vantagens na aderência ao slow blogging.

      Primeiro que há o respeito aos seus seguidores/leitores. É frustrante quando seguimos alguém que posta tanto que fica difícil, senão impossível, de acompanhar. Se você espaçar suas postagens, quem te acompanha terá a chance de verdadeiramente aproveitar cada conteúdo.

      Não pode-se deixar de lado, também, a criação de arquivo. Quando você produz postagens de alta qualidade, seu conteúdo se mantém vivo. Bons posts atraem leitores semanas, meses e até anos depois de publicados. Com produto de qualidade, seus arquivos se tornam atemporais — o ativo mais poderoso.

      Além do mais, as visualizações também podem ser otimizadas ao produzir com excelência, pois os que te seguem tendem a querer naturalmente compartilhar seu post com os outros.

      Contudo, nos dias de hoje, não basta “apenas” um bom conteúdo para crescer nas plataformas. Infelizmente, há outros fatores que podem atrapalhar a fidelização de consumidores nas mídias sociais.

      Um exemplo de produtor de conteúdo de excelência que não possui tanto reconhecimento é o Ludoviajante. Postando uma vez por mês (ora mais, ora menos) no YouTube, seus vídeos possuem informações técnicas, estudo aprofundado, roteiro bem trabalhado, texto impecável e edição excepcional. Porém, raros são os vídeos que passam das 400 mil visualizações.
      Por quê? Bem, pode ser o funcionamento ineficiente do algoritmo da plataforma, pode ser falta de divulgação própria para o público alvo, pode ser equívoco de target, pode ser falta de engajamento por parte dos que o acompanham... As possibilidades de resposta para o porquê de um bom conteúdo não alcançar o topo das paradas são inúmeras e cada caso requer um diagnóstico próprio.

      Assim, em conjunto à produção de alta qualidade, pode ser necessário o suporte de profissionais da comunicação para entender e potencializar o alcance do público alvo.

 

Três pessoas sentadas na frente de um laptop, apontando para a tela. Foto tirada de cima, mostrando apenas os braços e o laptop.

      Uma indagação levantada recorrentemente sobre o slow blogging é: “Ok, muito bonito, muito legal. Mas eu preciso produzir conteúdo freneticamente por causa do meu trabalho. Como que eu vou aderir à filosofia slow?”

      Nesses casos, a filosofia slow pode ser unida à outros metodologias que prezam por respeito ao processo.

      Pensemos, portanto, no procedimento de arrumação KonMari, da japonesa Marie Kondo.

      Enquanto o slow blogging lida com postar e divulgar apenas aquilo que você faz com carinho e leveza, o KonMari parte do princípio de deixar em sua vida apenas aquilo que te traz alegria.

      Assim, pode-se fazer um paralelo entre o que somos obrigados a postar — mesmo que sem aprofundamento e zelo — e os objetos que necessitamos manter — mesmo que sem nos trazer alegria.

      Sobre o KonMari, já sabemos a solução para esses itens.


Matthew: Querida Marie, O que fazer com objetos que não trazem alegria, mas nos quais não quero gastar tempo ou dinheiro substituindo, e que ainda me ajudam? Como um computador, um colchão, uma escova de dentes, uma frigideira, uma mesa de café... Eu devo manter esses itens mesmo que eles não me tragam alegria por eu os usar regularmente? // Marie: Então essas coisas estão te ajudando todos os dias. Porque você as está usando.  Por mais que elas não estejam te trazendo alegria, elas estão te ajudando diariamente. Elas fazem seus dias funcionar - ou seja, você não percebe que elas estão te fazendo feliz.Elas estão te trazendo alegria, subconscientemente. Você só não percebeu isso ainda. Então você deveria convencer a si mesmo de que essas coisas te fazem feliz, e você deveria priorizar o status delas, porque elas fazem o seu dia todos os dias. Assim, gradualmente, você vai passar a ver conceitos de alegria desses itens. // Matthew: Isso ajuda! Obrigado, Marie.

      Logo, aplicando a fala de Mari ao slow blogging, a resposta para situações de produzir sob pressão e por necessidade é encarar o processo com outros olhos.

      Ao invés de passar pela produção pensando no desgaste e desejando possuir mais tempo, sempre insatisfeito, pode-se tentar pensar no objetivo final, no resultado. Criar — mesmo que sem alegria imediata — pensando que, bem, essa criação trará seu salário, cumprirá com o prazo de entrega e será uma tarefa concluída

      Ou seja, o slow blogging nada mais é que a criação sustentável de conteúdo. Algo que seja saudável para quem produz, buscando — sempre que possível — o melhor nível de entrega para os consumidores, com zelo ao tempo pessoal e respeitando.

      Por fim, não é sobre produzir menos, é sobre produzir melhor.
      Não é sobre não se importar com prazos, é sobre não se desrespeitar para cumpri-los.
      Não é regra, é adaptação.


      Por mais que nada indique com certeza que slow blogging seja a melhor estratégia de produção de conteúdo, é a que se mostra ser mais saudável e sustentável. 

 


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