Olá, leitores e leitoras do meu coração!
A Netflix anunciou ontem (12) no Twitter (veja aqui) que a série "Round 6" já é a mais assistida da história da plataforma, o que já era esperado.
Sendo vista por 111 milhões de contas, a produção sul-coreana criada por Hwang Dong-hyuk ultrapassou a série "Bridgerton", que foi assistida por 82 milhões de usuários.
Provavelmente você já viu algo sobre a série neste vasto universo que é a internet.
Mas, somente para relembrar, o programa (que até ficou conhecido como "Jogos Mortais" das séries) reúne pessoas que estão completamente endividadas para brincarem com alguns jogos infantis.
O vencedor leverá uma "bolada" grande de dinheiro para não se preocupar mais com as dívidas, mas aqueles que perdem a brincadeira são mortos.
Entretando, apesar de chamar a atenção à critica social que a série apresenta, há um ponto bem polêmico envolta dela: o seu consumo por crianças e pré-adolescentes.
Por isso, eu te pergunto: os mais novos deveriam ter acesso à produção? Ela poderia estar na Netflix? Quais consequências isso traz?
Vamos discutir sobre isso?
Bom, eu confesso não tinha pensado nessa questão até ouvir do meu irmão, de 12 anos, que nossos pais não o deixaram assistir à série.
Segundo ele, todos os colegas (algumas desculpas nunca mudam, não é mesmo? hehe) da sala já haviam visto e comentavam constantemente sobre ela, o que, obviamente, lhe deixou com mais vontade de conferir.
Depois disso, comecei a me questionar sobre o acesso de crianças e pré-adolescentes ao programa e resolvi trazer essa discussão para cá.
Precisamos começar dizendo que, por estar disponibilizada em um dos maiores serviços de streamings, esse público facilmente tem acesso a ela.
E, mesmo tendo a classificação indicativa de 16 anos, ela dificilmente é respeitada.
Há anos atras, quando tínhamos somente a televisão ao nosso dispor, nosso acesso a programas não recomendados para nossa faixa etária era mais limitado, pois, normalmente, eles eram exibidos à noite e pela madrugada.
Contudo, podendo ser acessado em qualquer momento e de qualquer dispositivo, o público em questão está assistindo massivamente a "Round 6".
Além disso, a vontade de saber o que se passa na série é grande, pois ela rapidamente virou sensação e passou a ser discutida em todos os lugares, incluindo a escola.
Quem não quer se informar sobre a última febre, não é mesmo?
Inclusive, a escola Alladin, no Rio de Janeiro, chegou a fazer um pronunciamento em suas redes sociais, dizendo que "Squid Game", nome original da produção, já tinha virado assunto entre os alunos de 7 a 8 anos.
Ou seja, podendo ser acessada facilmente e sendo falada em todos os lugares, além de apresentar um jogo de cores atrativo ao público em questão, que é mais visual, que criança não gostaria de ver "Round 6"?
A polêmica se dá porque a série apresenta diversas cenas de cunho violento, como morte, tortura psicológica e tráfico de órgãos, além de sexo, suicídio e palavras de baixo calão.
E a exposição de crianças e pré-adolescentes a esse tipo de conteúdo pode ser danosa. Para a neuropsicóloga Leninha Wagner,
“Ao entrar em contato com conteúdo de cunho violento, as crianças e adolescentes acabam ‘normalizando’ e tomando isso como algo comum."
Prosseguindo, ela afirma que a exposição a conteúdos como esse faz com que as crianças se tornem mais reativas e agressivas.
"Nesta fase da vida (crianças e pré-adolescentes) ainda são imaturos e muito vulneráveis a estímulos que podem se tornar incontroláveis e até mesmo viciantes”
Outra profissional da saúde, a neuropsicóloga Deborah Moss, mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade de São Paulo (USP), afirma que, apesar das crianças estarem mais livres quanto ao que irão assistir,
[...] o que não é permitido para a idade, não cabe aos filhos assistirem nesse momento.
Além disso, o próprio criador da série, Hwang Don-hyuk, se pronunciou em uma entrevista dizendo que a obra não foi feita para crianças e pré-adolescentes.
Indo mais além, ele afirmou que os pais e professores devem estar atentos à exposição do grupo a esse tipo de conteúdo.
Levando em conta todas essas questões, quais seriam nossas alternativas?
Sabemos que, muitas vezes, proibir as crianças não é o suficiente (já diziam por aí que tudo que é proibido é mais gostoso, risos), pois elas continuarão com aquele anseio de ver do que se trata.
Principalmente depois de verem seus colegas tratando veementemente do assunto.
Sendo assim, podemos ser levados a pensar: Será que "Round 6" pode mesmo estar na Netflix?
Será que os serviços de streaming devem deixar tão aberta a porta para que todos tenham acesso a conteúdo explícito e violento? Isso não transforma as plataformas em uma "terra de ninguém"?
Como não deixar que o desenvolvimento cognitivo das crianças e pré-adolescentes não seja afetado por programas como esse?
Sim, são perguntas e mais perguntas!
Sinto muito se você esperava chegar ao final deste artigo com uma resposta pronta. Creio que dificilmente a encontraremos.
O que nos resta, portanto, é aumentar essa discussão e fazer mais questionamentos sobre os conteúdos que estão facilmente acessíveis às pessoas de todas as idades.
E, claro, devemos levantar nossa opinião e fomentar o debate.
Por isso, me conte nos comentário o que você pensa, eu vou adorar saber! :)
Referências:
REVISTA CRESCER. Round 6: especialista alerta sobre impactos das cenas de violência em crianças. Disponível aqui. Acesso em 13 out 2021.