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Relicário

Relicário
Everaldo Pinto da Silva Jr.
jan. 29 - 2 min de leitura
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Ele ficou alí parado, hipnotizado, com o que tinha acabado de acontecer. Pela primeira vez em sua vida, uma colega de trabalho, revisora de texto, no final do expediente, quando todos já tinham ido embora,  se levanta (na divisória ao lado),  caminha em direção a prancheta do montador de arte, se aproxima e faz  uma confissão:

- sobre o meu olhar, e veio o beijo, doce, ofegante e a despedida.

Até manhã!

Fim do expediente: embriagado pelo perfume, o sabor ainda nos lábios, com a surpresa da declaração. Achava que estava sonhando, não acreditava no que tinha aontecido. Derepente, uma invasão toma  conta do seu corpo e sentidos:

Uma alegria nunca antes vivida, era o amor!

No dia seguinte, da sacada do prédio, no segundo andar, observa a amada chegar,  e de contar os minutos, para o fim do expediente e se encantar naquele magnetismo da primeira paixão, declarada e correspondida em êxtase.

Linda, loura, de descendência russa, estudante de letras, Português/Russo, que logo ensinou "Eu te amo: Ya tebya lublyu", que gracinha.

Aquele amor puro, sonhado, angelical, lindo, abençoado por Deus e ingênuo.

No primeiro passeio com amigos da faculdade, o parzinho conheceu um argentino cheio de qualidades e interesses: músico, piloto de avião... A partir desse epsódio, veio o distanciamento e a colega de trabalho não apareceu mais.

Desolado, desconsolado, renegado, inconformado e obcecado pelo amor perdido, que não sai da sua cabeça.

Assim como veio, se foi!

Alguns anos depois, ficou sabendo que ela casou e foi morar na Argentina e teve dois filhos. De volta ao Rio, lecionava em uma escola pública e voltou a morar no antigo endereço.

Esse bem querer, relicário guardado no coração de alguém, não sabia o quanto de amor a vida tinha-lhe reservado.  


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