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Pretos são maioria nas universidades públicas do Brasil pela 1ª vez

Pretos são maioria nas universidades públicas do Brasil pela 1ª vez
Thainá Souza
Aug. 16 - 6 min read
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O texto de hoje tem o intuito de falar sobre o local que pretos ocupam nas universidades federais, e como políticas públicas afetam diretamente nesse direito ao acesso a educação de qualidade e inclusiva.

O fato da desigualdade ser histórica e estrutural,  faz com que o desenvolvimento de forma avançada para a população preta e parda só tenha possibilidade de acontecer quando existe mobilização social e políticas públicas direcionadas corretamente. Porque, muita das vezes é dificultado e até mesmo negado para essa parcela da população direitos básicos, que por sua voz é a maior.

As universidades públicas vem recebendo números de matriculas de estudantes pretos e pardos que ultrapassam, pela primeira vez na história, o número de brancos. Esse grupo passou a representar 50,3%  dos estudantes do ensino superior da rede pública do país, segundo a pesquisa Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, publicada em novembro de 2019 pelo IBGE

 

Embora esse grupo represente mais da metade dos estudantes nas universidades federais, ainda está em desvantagem e sub-representado já que hoje corresponde à 55,8% da população brasileira. 

Esse levantamento mostra que a população preta está desenvolvendo os seus índices educacionais, tanto de acesso como também de permanência.

Com isso, a evasão escolar diminuiu de 30,8%, em 2016, para 28,8% em 2018. Independente do avanço, esse percentual se encontra bem abaixo do alcançado por pessoas brancas da mesma faixa etária, que é de 78,8%. 

Podemos dizer que em partes, a melhoria dos índices educacionais dessa parcela da população no ambiente de ensino é reflexo de políticas públicas, como o sistema de cotas, que adaptaram formas de melhorar o acesso e permanência da população preta e parda, segundo o IBGE.  A Lei Federal de Cotas, que foi sancionada em 2016, deliberou que metade das matrículas nas universidades e institutos federais teriam a obrigação de atender critérios de cotas raciais. 

A intervenção de políticas públicas é um agente essencial para que a desigualdade seja reduzida, são nesses ambientes em que a intervenção de políticas públicas e a organização do movimento social tem o papel de se fazer presente para que a sociedade consiga uma conquista mais igualitária, tal qual o papel das cotas para acesso ao Ensino Superior. 

O aumento do número de matriculas de pretos na universidade é de extrema importância, porém é necessário refletir políticas de permanência com o intuito de que esses jovens concluam o Ensino Superior. Lembrando que há uma continuidade de desdobramentos, por políticas de permanência que ainda não são aplicadas. Novamente, é fundamental olhar para esse lado da moeda com mais profundidade ou então irá tirar uma conclusão precipitada que dê a entender que o objetivo da política de cotas foi alcançado e que já é possível ver a igualdade tão buscada durante anos de existência e resistência e está bem longe dessa realidade acontecer no Brasil. 

O IBGE afirma que houve aumento de matrículas de estudantes pretos nas universidades privadas, resultado de programas como o Programa Universidade para Todos, mais conhecido como Prouni, que disponibiliza bolsas de estudos parciais e integrais a estudantes de baixa renda. O número de vagas que estão sendo ocupadas por essa parcela da população nas instituições privadas teve avanço de 43,2% em 2016 para 46,8% em 2018.

Um dos pontos é que, muitas pessoas pretas acreditam que a universidade não é um local destinado a elas. Muitas dessas pessoas são filhos de pais analfabetos ou semianalfabetos que não tiveram a oportunidade de terminar ao menos o Ensino Fundamental. 

Muitos desses jovens são os primeiros de sua família a ingressarem em uma universidade e isso diz muito sobre a nossa estrutura racista e opressora

O olhar dessa parcela da população é de que a universidade é um lugar elitizado, o que de fato é, e que por isso será um processo árduo até mesmo de adaptação por diferentes realidades.

Se dividir entre trabalho e o estudo é algo extremamente desgastante e quando se necessita do emprego para pagar a universidade é uma situação ainda mais delicada, e muitas das vezes, é também o que dificulta a permanência desses jovens até o final do curso levando em consideração a taxa altíssima de desemprego no Brasil

Quando uma criança preta vê alguém que tem o corte de cabelo da moda da sua favela, que veio da favela, que se veste e que se comunica como ela entrou em uma universidade, está sendo mostrado para ela que ela pode e deve ocupar esse lugar, que lá é o lugar dela sim! Mesmo que a sociedade em sua grande maioria diga que não, retire  suas referências, prive do conhecimento e tente escolher quem irá ocupar grandes cargos.

É mostrado para essa criança que ela tem voz e que ela pode ecoar alto por todos os lados e que a importância da presença dela nesses ambientes é referente a uma luta diária contra o racismo estrutural. 

Mulheres pretas e o mercado de trabalho

E normalmente o próximo desafio quando concluído o curso é a inclusão no mercado de trabalho, o levantamento feito pelo IBGE revelou que as mulheres pretas continuam na base da desigualdade de renda no Brasil. No ano de 2018, elas receberam, em média, menos da metade dos salários dos homens brancos (44,4%), homens esses que ocupam o topo da escala de remuneração no país. 

                                          (Série: Master of None, 2015-presente)

Mas, esse é um assunto para um próximo post... Espero que você tenha gostado do que leu até aqui. Curta, comente, compartilhe. 


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