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Porque você não deveria confiar nas urnas eletrônicas

Porque você não deveria confiar nas urnas eletrônicas
Lucas Costa Souza
nov. 16 - 7 min de leitura
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Amada por uns, odiada por outros. Em clima de eleição, as urnas eletrônicas sempre dividem a opinião da população. Afinal, seria ela um avanço da tecnologia em prol da democracia ou apenas mais uma forma de ampliar o poder do estamento burocrático?


Que as urnas eletrônicas dividem opiniões a seu respeito é um fato sabido. Mas será que realmente há motivos para objeções à sua implementação? O que há de errado com elas? Este artigo visa responder alguns pontos destes questionamentos, afinal, o que poderia ser mais a favor do estadodemocráticodedireito senão uma conversa franca sobre o assunto, não é mesmo?

 

As urnas são invioláveis?

Primeiramente, precisamos entender que diversas empresas tecnológicas fabricam urnas eletrônicas. Seriam elas realmente confiáveis ao ponto de garantir a democracia de uma nação? Vejamos.

Em uma conferência realizada nos Estados Unidos - Def Con - diversos hackers se reuniram para tentar burlar o sistema eleitoral norte-americano através das urnas eletrônicas. Os hackers levaram entorno de 1h30 para conseguir burlar o sistema.

Haviam cerca de 30 urnas no local das fabricantes (anotem bem estes nomes): Sequoia AVC Edge, ES&S iVotronic, AccuVote TSX, WinVote e Diebold Expresspoll 4000.

"Sem dúvida, nossos sistemas eleitorais são fracos e suscetíveis"
Jake Braun, expert em cyber segurança na Universidade de Chicago.

 

Os hackers conseguiram acesso as assinaturas e cédulas de cidadãos norte-americanos que participaram das eleições, fora outra falhas graves de segurança em máquinas usadas em mais de 15 Estados.

"O assustador é que nós também sabemos que nossos adversários estrangeiros - incluindo a Rússia, Coreia do Norte e Irã - possuem a capacidade de realizar estes hacks, dentro de um processo para minar os princípios da democracia e ameaçar nossa segurança nacional" conclui Jake.

 

E a Smartimatic?

Uma fabricante famosa é a Smartimatic - sua filial brasileira já atuou em duas eleições recentes. Ela possui escândalos de fraude? Mais ou menos.

O Presidente da Suprema Corte da Venezuela, Miguel Angel Martin, em entrevista ao Terça-Livre alerta taxativamente que as urnas eletrônicas não são confiáveis. 

 

"O mais grave é esse sistema automatizado. As máquinas começam a emitir votos quando as mesas já estão encerradas."
Miguel Angel Martin, Presidente da Suprema Corte da Venezuela

 

Miguel também afirma que a máquina está manipulada em várias partes do processo.


Diebold

A empresa Diebold - fabricante de urnas brasileiras - já foi multada nos Estados Unidos em 2013 por subornar funcionários estrangeiros e falsificar documentos na China, na Rússia e na Indonésia. A multa foi estimada em quase 50 milhões de dólares. A empresa Diebold, em eleições passadas, fabricou 450 mil máquinas de votar para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Esta não foi a única desavença entre a fabricante de urnas e o EUA, pois três executivos desta empresa em 2010 foram acusados de fraude contábil.

Um dos problemas recorrentes à primeira geração destas urnas estão no fato da confiabilidade, pois o voto é gravado diretamente em sua memória digital e não permite que o eleitor verifique se o voto foi registrado corretamente. Esta impossibilidade fez com que mais de 50 - repito, mais de cinquenta - países rejeitassem as nossas confiadíssimas urnas eletrônicas. 

Imagine que você esteja participando de uma votação para síndico do seu prédio. Para votar, você precisa colocar o nome de seu candidato preferido em uma sacola, mas há um problema: a contagem dos votos é efetuada de maneira velada em uma sala sem possibilidade de verificação. Qual o gral de confiabilidade você teria neste processo?


Praticidade do hackeio

Algumas objeções mal colocadas à respeito da confiabilidade das urnas eletrônicas é que, para comprometer o sistema, seria necessário hackear uma-a-uma tornando o esforço para empenhar o trabalho basicamente impossível. Isto é verdade, porém em partes. Como explicou o exilado Presidente da Suprema Corte da Venezuela, a manipulação pode ocorrer em várias etapas do processo, isto implica na na fabricação das urnas, no envio, na contagem e até mesmo - questionar não é crime - em processos que envolva o mesário. A própria questão da contagem de votos secreta tal como ocorreu em 2010 é por si mesmo fraude, ainda que a contagem possa estar correta.

Como afirma o professor da Universidade Estadual de Campinas, Diego Aranha, na CCJ do Senado Federal:

"Portanto, estes sistemas são especialmente vulneráveis ao que a gente chama de falha interna. Um programador mal intencionado que de repente trabalha no tribunal, que tenha acesso privilegiado ao sistema e está em posição também privilegiada para montar uma fraude em larga escala, talvez indetectável se ele for sofisticado o suficiente [poderia fazê-lo]."

Ele informa que os testes que o TSE aplica servem apenas para mensurar a confiabilidade com ataques externos, e não de alguém que tenha nível de acesso privilegiado. Diego também nos relata que sua equipe teve o prazo de 4 dias para executar os testes em meio a vários problemas técnicos, enquanto um fraudador potencial jamais teria um prazo tão escasso.

Aranha também diz que a base fornecida aos pesquisadores não estavam completa, o que torna o processo de simulação de fraude mais dificultoso, mas que sua equipe ainda conseguiu contornar esses empecilhos e explorar uma sequência de vulnerabilidades.

O especialista nos diz "nós fizemos bastante progresso na direção de desviar votos de um candidato para outro. Chegamos a ter uma versão do ataque pronto e funcional, mas não tivemos tempo de testar pois nos testes, as tentativas de ataque demoravam 40 minutos [...]. Todos estes procedimentos tomam muito tempo de um investigador que, novamente, não necessariamente é restrito de um fraudador"

 

Diego conclui dizendo que todo software é vulnerável, e justamente por isto, não devemos confiar incondicionalmente à software de votação.

"É justamente por isto que é importante ter um registro físico do voto, para que quem não tenha treinamento especializado possa auditar se o voto específico dele são registrados corretamente em outra mídia [...]. Esta não é a minha opinião pessoal, mas sim um entendimento da comunidade técnico-científico internacional e segue exatamente a experiência dos países que implementaram o voto eletrônico em algum momento. Não há outro país no mundo que ainda utilize sistema de votação puramente eletrônico, baseados em máquinas de votação. Todos migraram para sistemas que fornecem maior transparência usando registro físico do voto."


E você? O que acha das urnas eletrônicas? Comenta aí!

#ColunistaOficialAU

 

Referências:
 

https://thehackernews.com/2017/07/hacking-voting-machine.html

https://tercalivre.com.br/presidente-da-suprema-corte-da-venezuela-alerta-sobre-smartmatic/

http://www.brunazo.eng.br/voto-e/textos/RelatorioCMind.pdf

https://www.braziliantimes.com/comunidade-brasileira/2013/12/23/eua-multam-fabricante-das-urnas-eletrnicas-brasileiras.html

https://veja.abril.com.br/mundo/smartmatic-era-proxima-do-chavismo-e-atuou-no-brasil/

https://bityli.com/G5bKx

 


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