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Porque Tarantino não é só violência, sangue e músicas aleatórias!

Porque Tarantino não é só violência, sangue e músicas aleatórias!
João Vitor Muniz Buarque
Aug. 13 - 4 min read
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Vou procurar, aqui, analisar o livro de Mauro Bapstista "O cinema de Quentin Tarantino". Partindo de uma subversão do cinema de gênero, ele parte do princípio de ir desde cultura de massa do século XX (como os filmes exploitation) até o cinema de Gordad e a "Nouvelle Vague". 

"Pulp Fiction" é uma subversão ao cinema clássico (principalmente de crime, fortemente inspirado no primeiro filme comercial de Kubrick) pondo o ponto de vista para um "narrador" que utiliza manobras para perpetuar a ideia de que se está vendo um filme (como o quadrado que Mia Wallace faz no ar dentro do carro com Vincent); "Kill Bill" brinca com as fórmulas de western e filmes de artes marciais (visto já de cara pelo David Carradine, que protagonizou um seriado que misturava justamente os gêneros), inclusive o autor, Mauro Baptista, compartilha a minha opinião de que o segundo filme não é só melhor que o primeiro, mas também como dá sentido ao seu antecessor; e “Bastardos Inglórios” se utiliza, desde a primeira cena, de um “Mise-en-Sène” muitas vezes ignorada atualmente no cinema de fluxo. 

Desde a decupagem, tendo preferência a planos longos remetendo ao cinema autoral europeu, até uma subversão do “jogo” de câmeras substituindo o “triângulo personagens-telespectador” para uma visão de perfil, esse livro disseca os filmes do diretor até 2009, onde seu último filme até então fora “Bastardos Inglórios”, porém, com este livro, é possível traçar um perfil do diretor nos seus três últimos filmes, como por exemplo: o fato de Tarantino, ao se basear em histórias reais, se apegar mais a citações e referências (embora em “Era uma vez em… Hollywood”, até certo ponto, as mesmas se misturam com fatos, como a mistura de aparecer a Família Manson e a última música, antes de subirem os créditos, a tocar no filme ser de um western de 1972 - que já dialoga com o filme em si -), como visto em “Bastardos Inglórios”, porém com uma quebra de expectativa no final. Porém em “Django Livre”, Tarantino leva isso para o lado contrário, tendo várias referências a westerns, como citar a atriz Amber Tamblyn, que aparece apenas em um plano, como “filha do filho de um pistoleiro” (pois seu pai atuou no filme “O filho de um pistoleiro), a aparição de Franco Nero (o Django original), a música tema do personagem Trinity, uma trilha sonora de Ennio Morricone na despedida do Dr. Schultz e o próprio nome Django.

Inclusive, eu poderia ir mais além e dizer que para mim “Era uma vez em... Hollywood” é o filme mais questionável de Tarantino, pois se o autor do livro, que diz que “Kill Bill Vol. 1” “cansa”, e que falta diálogos à la Godard e uma sutileza dos anos 1960 (onde isso já dialoga também com o filme, sendo o mesmo uma declaração de amor a essa época do cinema Hollywoodiano), eu digo que oitavo filme do diretor exagera nessas características, sem também  os outros elementos que em outros filmes fazem parecer os diálogos pareçam algo mais volátil (como a decupagem, que apesar de perpetuar os planos longos - que aqui são excessivamente longos - e a trilha sonora), o que me deu um efeito “cansativo”, onde vi Tarantino homenageando essa era de Hollywood assim como a ele mesmo, ou como prefiro ver, satirizando-se, mesmo que sem querer (pelos meus olhos, claro; essa é a minha opinião).

Esse livro, na minha opinião, é fundamental para qualquer um que queira estudar cinema e o diretor, pois nos presenteia com várias informações cinematográficas e tarantinescas. Talvez, agora que faltam apenas mais dois filmes para a aposentadoria de Tarantino, talvez estejamos perto de uma nova edição contendo TODOS os filmes do diretor (ou pelo menos assim eu espero).


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