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Opinião: Sociedade do Cansaço (parte 1 - Introdução)

Opinião: Sociedade do Cansaço (parte 1 - Introdução)
Renan Müller
Aug. 14 - 4 min read
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Me deparei com o livro “Sociedade do Cansaço” do autor sul-coreano Byung-Chul Han a poucas semanas, o título me chamou a atenção por um motivo, mesmo estando em quarentena (motivo que adiou meus planos para o ano), “preso” na casa dos meus pais, com as aulas suspensas e com quase nada de afazeres eu estava cansado. Sentia dentro de mim uma pressão por fazer esse tempo render, usar dessa “pausa” para algo que pudesse somar a minha vida profissional, e mais, não parecia o bastante fazer desse limão uma limonada, eu sentia que precisava fazer do limão uma Caipirosca, vender por 15 reais o copo e gerar uma multinacional do ramo de bebidas. Isso para você entender a pressão por produtividade que estava me colocando.

A descrição do livro na Amazon me fez comprá lo em e-book e depois acabei adquirindo também em livro físico, queria entender mais sobre esse meu sentimento de cansaço, que, ao mesmo tempo queria fazer cursos e estudar, mas me paralisa. A obra parecia juntar vários fragmentos de pensamentos já existentes em minha mente, mas dispersos e desorganizados que se juntavam em uma obra de forma mais conexa e aprofundada. Vou deixar a seguir a descrição.

“Os efeitos colaterais do discurso motivacional. O mercado de palestras e livros motivacionais está crescendo desde o início do século XXI e não mostra sinais de desaquecimento. Religiões tradicionais estão perdendo adeptos para novas igrejas que trocam o discurso do pecado pelo encorajamento e autoajuda. As instituições políticas e empresariais mudaram o sistema de punição, hierarquia e combate ao concorrente pelas positividades do estímulo, eficiência e reconhecimento social pela superação das próprias limitações. Byung-Chul Han mostra que a sociedade disciplinar e repressora do século XX descrita por Michel Foucault perde espaço para uma nova forma de organização coercitiva: a violência neuronal. As pessoas se cobram cada vez mais para apresentar resultados - tornando elas mesmas vigilantes e carrascas de suas ações. Em uma época onde poderíamos trabalhar menos e ganhar mais, a ideologia da positividade opera uma inversão perversa: nos submetemos a trabalhar mais e a receber menos. Essa onda do "eu consigo" e do "yes, we can" tem gerado um aumento significativo de doenças como depressão, transtornos de personalidade, síndromes como hiperatividade e burnout. Este livro transcende o campo filosófico e pode ajudar educadores, psicólogos e gestores a entender os novos problemas do século XXI.”

Acabei o livro com muito gosto, me fez refletir sobre vários pontos que me pareciam estritamente bons. Me fez colocar em perspectiva várias coisas como o que o autor chama de “sociedade do desempenho”, contrapondo-se a sociedade disciplinar do século XX.

“A sociedade do século XXI não é mais a sociedade disciplinar, mas uma sociedade do desempenho. Também seus habitantes não se chamam mais ‘sujeitos da obediência’. São empresários de si mesmos. (...) No lugar de proibição, mandamento ou lei, entram projeto, iniciativa e motivação. A sociedade disciplinar ainda está dominada pelo não. Sua negatividade gera loucos e delinquentes. A sociedade do desempenho, ao contrário, produz depressivos e fracassados”

Achei o livro muito bom, e pelo fato de ser curto, 136 páginas na edição de bolso impressa e barato, 5,31R$ o e-book e 14,90R$ a versão impressa, penso que vale a indicação. Além disso, decidi começar uma série de publicações para expor minha interpretação do livro, fazendo paralelo com outras obras e autores e trazendo esse tema para a realidade dos universitários e recém formados.

Estou acabando a próxima parte onde começo de fato a tratar do livro. Estarei postando nos próximos dias, convido todos a ler o livro, comentar sobre o tema e acompanhar essa série de postagens em meu perfil.


 


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