Se você é um usuário principalmente do Instagram, Facebook ou até mesmo Snapchat, deve estar ciente sobre o que são filtros, certo? E, muito provavelmente, você até mesmo os usa. Mas, já parou para pensar no quão danoso eles podem ser — e são? Então chega aí que o papo hoje é sério.
Não é novidade para ninguém que, infelizmente, os padrões sociais de beleza existem e estão cada vez mais altos. Com o crescimento de redes sociais como o Instagram, a busca pela exposição do corpo e rosto perfeitos aumentou significativamente. No Instagram, tudo é perfeito. Perfeito até demais. Indo no sentido contrário do movimento de Body Positive, surgiu a nova sensação das redes sociais: os filtros. Com eles, não existem poros, manchas, espinhas, lábio fino ou rosto redondo.
Throwing back a little bit... inicialmente, os filtros do Instagram vieram como uma forma divertida e inofensiva de se "fantasiar" através de orelhas de cachorro, gatinho, coelho e afins. Porém, com o uso frequente destes, surgiram novos filtros, já com propostas de preenchimento labial, nariz afinado, olhos puxados, pele lisa ou maquiagem perfeita, deixando todo mundo com uma aparência de Gigi Hadid ou alguma das Kardashians. Logo, com o avanço da Internet e da influência da mesma sobre nossas vidas, o efeito Kylie Jenner de ser e estar se popularizou de formas assustadoras.
"A sensação é de que o filtro roubou os nossos rostos. O filtro mostra que, apesar da aparente perfeição, isso não basta. Temos sempre que tornar essa imagem mais interessante. Não podemos mais ter o nosso próprio rosto", diz a historiadora Luciana de Almeida.
Tá assustadx? Isso porque você ainda não viu os dados a respeito da influência dos filtros do Instagram no meio estético.
Um fenômeno atual, chamado Snapchat dysmorphia apresentou um número gigante de mulheres norte-americanas que estão levando à cirurgiões plásticos fotos de si mesmas, com filtros, como referência para a mudança que elas querem realizar. Além disso, outros procedimentos no ranking de mais procurados dos últimos anos foram a rinoplastia e o preenchimento labial. De acordo com um estudo da Academia Americana de Cirurgiões Plásticos, o motivo responsável por levar 55% das pessoas que fizeram rinoplastia em 2017 foi justamente o desejo de aparecer melhor nas selfies.
No Brasil, os dados são tão alarmantes quanto, se não mais. De acordo com o Censo de 2016 da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a busca desenfreada por procedimentos estéticos aumentou 390% no país. A bichectomia, que afina as bochechas, teve um aumento de quase 20% em sua procura. O preenchimento labial, porém, é a intervenção mais buscada do ranking, seguido por aplicação de botox e peeling, laser e suspensão com fios.
E, se você acha que essa indústria interfere apenas na saúde física, infelizmente, está enganado. Dismorfia corporal, depressão, ansiedade e transtornos alimentares são alguns dos outros efeitos negativos dos filtros. Divulgado pela University College London (UCL), um estudo de 2019 revelou que as redes sociais são responsáveis por desencadear depressão em meninas adolescentes. A pesquisa analisou dados de quase 11 mil jovens do Reino Unido e descobriu que garotas de 14 anos representam os usuários mais frequentes das plataformas, onde 40% delas usam estas redes por mais de três horas diárias. Ainda 75% das meninas que sofrem depressão possuem também baixa autoestima, alegando estarem insatisfeitas com sua aparência.
No entanto, esses dados alertaram o Facebook e o Instagram. Ambos começaram a restringir publicações sobre intervenções e emagrecimento para menores de idade, juntamente com a remoção de posts que prometem resultados inatingíveis. Em outubro do ano de 2019, o Instagram derrubou efeitos de cirurgia plástica e interrompeu a aprovação do lançamento de novos filtros deste tipo. Agora, os usuários também podem denunciar filtros que considerem uma violação destas políticas.
Porém, como você sabe, essas políticas não adiantaram muita coisa na prática. O uso de filtros segue aumentando a cada dia e está se tornando essencial na cultura das redes. O leque de possibilidades é infinito e a linha entre criatividade, diversão e o problemático é tênue, ou quase inexistente. Postar uma foto ou selfie sem filtro atualmente se tornou quase um ato político.
Justamente por isso, precisamos estar atentos e conscientizados a respeito da cultura de superexposição do irreal nas redes sociais. Está ok ter poros, cravos, manchas, cicatrizes, espinhas, olheiras e tudo mais. O importante é estar saudável, bem cuidado e principalmente, em paz consigo mesmo e com suas imperfeições. Que passemos a apreciar mais os espelhos ao invés dos filtros. Você é lindx assim como é e não há filtro no mundo que consiga transmitir sua beleza como você mesmx!