A importância da Inovação
A história do mundo é moldada através de inovações que revolucionaram épocas e mudaram o curso da humanidade. Imagine o mundo atual sem internet, redes sociais e aplicativos mobile. Em nossa era atual, as inovações tecnológicas, não só fazem parte das nossas vidas, como ditam os rumos que iremos tomar, à todo momento revolucionando nossos hábitos, nossas formas de se relacionar, de se locomover.
Porém, essas inovações devem ser mais do que ideias; elas devem ser soluções criativas. Desse modo, cabe aqui uma referência à obra de Hamlet, as inovações são “loucura sim, mas têm seu método”. Inovar não é só idealizar, é também fazer.
Contudo, com a nova realidade digital e o aumento do acesso à informação, talvez o método não seja o componente que falta na equação da inovação, em se tratando de Brasil. O sistema de ensino industrial que há muito perdura no país não estimula a criatividade e a concepção de novas ideias. Se a partir da análise da teoria de Schumpeter afirmarmos que as inovações são o motor de desenvolvimento da economia, o Brasil ainda anda de bicicleta.
A história do Brasil
Para entendermos melhor a relação do Brasil com a inovação, podemos olhar para sua história. Desde que os portugueses aportaram em solo brasileiro e o colonizaram, o país tem sua economia baseada em exportação. Desde então, os produtos exportados criaram “ciclos econômicos” que marcaram não só a história nacional, mas também construíram sua estrutura social. Como exemplo, exportou-se pau-brasil, açúcar, ouro, algodão e café. Este último, por sua vez, foi responsável pela ascensão, não só da própria economia cafeeira, mas também de uma classe social de verdadeiros barões. O ciclo do café perdurou até os anos 1930, tendo seu declínio com a Grande Depressão de 1929. Foi justamente nos anos 30 onde finalmente se iniciou uma industrialização incipiente, com Vargas investindo em indústrias de base. Entretanto, apesar da industrialização tardia, o Brasil nunca deixou de ser exportador de commodities.
Levando em consideração a riqueza natural nacional, é fácil entender a relação do Brasil com a exportação de matérias-primas. Conforme Miriam Leitão, o país se acomodou com o papel de produtor de commodities, que possuem baixo valor agregado, e não investiu em inovação, deixando de criar produtos com valor agregado maior. O que acontece é que exportamos o insumo e o importamos já transformado por um valor mais alto.
No entanto, é importante salientar que não se deve deixar de exportar os produtos que já exportamos. A questão crucial é: Devemos revolucionar e se tornar também um país mais inovador?
A necessidade de uma educação mais empreendedora
Se respondermos sim à pergunta acima, chegaríamos em outra: Como se tornar, de fato, um país mais inovador? Conforme mencionado na introdução, falta ao Brasil, principalmente, o elemento “Ideia”. Curiosamente, apesar de vivermos em um país que teve sua industrialização tardia e que há 500 anos tem como principal atividade econômica a exportação de matérias primas, o nosso modelo educacional é industrial. A dinâmica de ensino é quase a mesma de uma linha de produção: Dezenas de alunos enfileirados recebendo o conteúdo para regurgitá-lo. Não se consideram as singularidades de cada aluno - como seu ritmo de aprendizagem ou interesses. Não se estimula potenciais, não se fala sobre criatividade. O que se avalia é a capacidade do aluno de replicar no instrumento de avaliação o que ele conseguiu aprender (ou decorar). Isso sem falar na qualidade de ensino e excluindo da discussão as mazelas sociais, como a desigualdade.
Quase não se aborda a educação empreendedora nas instituições de ensino do Brasil. Talvez não seja o momento, se considerarmos que há problemas maiores na sociedade brasileira, como a altíssima concentração de renda em detrimento de um baixíssimo IDH. Mas talvez as próprias inovações e o empreendedorismo possam ser o caminho para resolver esses problemas maiores, pois, seguindo o pensamento de Schumpeter: as inovações são de importância ímpar para o desenvolvimento econômico.
De qualquer modo, a única certeza é que pouco se fala em educação empreendedora no Brasil e, assim, continuamos andando em círculos - montados numa bicicleta.