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Entretenimento também é aprendizado! #1 O Gambito da Rainha

Entretenimento também é aprendizado! #1 O Gambito da Rainha
Helena Rodriguez
Nov. 17 - 4 min read
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Estreio essa coluna com a mais nova série da Netflix: O Gambito da Rainha. Composta de 7 episódios, ela aborda temas como superação e vícios, assim como preconceitos e machismo na década de 60. Apesar dela também ter sido comentada por outros colegas na Comunidade, gostaria de trazer a minha perspectiva sobre seu conteúdo.

A série desenvolve-se a partir da personagem Elizabeth Harmon. Órfã ainda criança, Beth é levada a uma casa de adoção onde tem seu primeiro contato com o vício e o xadrez. Ainda muito pequena, o zelador senhor Shaibel - seu primeiro instrutor - vê nela um prodígio e a alerta sobre as consequências de por sua raiva contida no jogo. Beth aprende a importância de se saber perder e de se render quando necessário, além de desenvolver seu pensamento estratégico por meio do xadrez.

Listei 3 temas importantes os quais a série irá abordar. 

--------------------------------Contém pequenos spoilers-----------------------------------

 

Treino, persistência e saber perder.


Apesar da personagem ser uma criança prodígio, suas conquistas foram resultado de muito estudo e persistência desde o início. Em seu primeiro contato com o xadrez o senhor Shaibel lhe ensinou jogadas e aberturas, assim como o nome das casas no tabuleiro. Um aprendizado muito importante que ele lhe traz é o de reconhecer a derrota, caracterizada pela derrubada da peça "rei" a dar fim à partida.

Desde então seu estudo se direcionou a ler livros de jogadores famosos e a estudar suas estratégias. Apesar de no princípio competir por necessidade financeira, sua dedicação e vontade de evoluir a impulsionaram a continuar concorrendo a campeonatos. Em todos os torneios Beth examinava as táticas de seu adversário e praticava suas próprias possíveis jogadas, usando de seu rápido raciocínio e lógica. A persistência contínua foi a chave para seu sucesso. 

É interessante perceber o apoio dado a personagem nos seus campeonatos iniciais - tanto familiar como do senhor Shaibel. A partir disso ela pôde viajar pelo país e conquistar seu espaço como enxadrista.

 

Vícios, traumas e superação.


O primeiro contato da personagem com drogas legais deu-se na Casa de Adoção, juntamente de suas primeiras aulas de xadrez. A constância na ingestão de calmantes, imposta pela Casa, fez com que a prática se tornasse uma dependência química de grande influência em sua vida. Assim, Beth inconscientemente descontava seus traumas acumulados na medicação que lhe era compulsória - nomeada de "vitamina".

Dos calmantes ao álcool, Beth evoluía nos campeonatos sempre em sua companhia e de sua mãe adotiva. Talvez o que tenha intensificado seu consumo tenha sido a herança comportamental materna, visto que essa figura influente tinha uma relação estreita com o álcool.

Sua jornada de superação é emocionante e só foi possível através de sua força de vontade. Após uma derrota no jogo por um descuido relacionado à bebida, Beth se isola e afunda emocionalmente. Visando seus objetivos futuros e percebendo o quanto a prática era prejudicial à saúde, ela consegue desvencilhar-se do vício químico e ele passa a não mais  sua bengala emocional. 

 

Contexto histórico e solidariedade


O meio é muito marcado pelo patriarcado e machismo na década de 60. Em suas primeiras aparições nas revistas é evidente o que mais chama a atenção dos leitores: sua condição como jovem mulher enxadrista. Diferentemente das perguntas direcionadas aos homens, se é mais questionado o seu sentimento como mulher em um lugar dominado pela figura masculina. 

Em meio ao machismo, o contexto também é marcado pelo conflito entre as duas grandes potências, Estados Unidos e União Soviética. A tensão entre os dois domínios é explorada, na série, por meio dos campeonatos de xadrez. Com o objetivo de vencer os comunistas, a Convenção Crista patrocinava os jovens que desejavam competir na Rússia, pois a derrota soviética seria de um valor extremamente significativo. É apresentado que como um fator diferencial estratégico os soviéticos são mais solidários entre si quando o objetivo é vencer um adversário estrangeiro, o que os faz os melhores jogadores mundiais. Assim, o final da série traz uma reviravolta emocionante para Beth, o que só foi possível através da superação de seus vícios e de si mesma.

 

E você, concorda com minha perspectiva? Comenta aqui embaixo o que achou do Gambito da Rainha e do conteúdo. Será que a série merece uma continuação?

Até a próxima!


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