Queridos e queridas, como vocês estão?
Cá estou eu, mais um vez, querendo mandar um papo reto para vocês.
Hoje, eu trouxe um assunto um tanto polêmico e importante, o ego.
Antes de tudo, só gostaria de deixar claro que esse ego de que vou tratar não segue a linha da abordagem psicanalítica de Freud, que diz que o ego é a instância da mente humana responsável pela compreensão da realidade.
O que eu trago para vocês são algumas discussões sobre a visão popular do ego, onde ele é nada mais nada menos que a imagem que temos de nós mesmos.
Tudo devidamente esclarecido, podemos começar.
Quando essa imagem (a imagem que temos de nós mesmos) fica distorcida da realidade, sendo vista como maior e melhor do que de fato é, chamamos de EGOCENTRISMO. É o orgulho que deixa de ser saudável e passa a ser exagerado.
E, bem, vocês sabem que o egocentrismo é a principal característica de pessoas egocêntricas (isso é quase um trava-língua hahaha tente ler em voz alta, sério).
Mas... o que é uma pessoa egocêntrica?
Bem, o egocêntrico é uma pessoa que está demasiadamente focada em sua autoimagem e a coloca em um pedestal, acreditando que é o único merecedor de atenção e de sucesso.
Quando pensamos em um exemplo de prático de uma personalidade egocêntrica, um nome muito comum é o de Dorian Gray.
E... quem é Dorian Gray?
(Com licença, leitores e leitoras do meu coração. Chegou o meu momento de falar sobre literatura clássica).
Dorian Gray é o personagem principal do romance aclamado que Oscar Wilde publicou em 1890, “O retrato de Dorian Gray”.
Vou contar um pouco da história porque ela é boa demais.
Dorian era um homem com jovialidade e beleza invejáveis. Ele era aquele tipo de pessoa que recebe olhar de todo mundo por onde passa, sabe?
Só que Dorian não tinha noção de toda sua beleza e formosura até o dia em um pintor o retratou em um quadro. O processo foi longo, mas o quadro fez com que Dorian tivesse consciência de seu ar jovem e angelical.
Consciência até demais, nós podemos dizer.
Com o tempo, Dorian passou a ficar irritado com a ideia de que envelheceria e perderia toda sua beleza, enquanto o quadro seria admirável para sempre. Dorian pensava que, com o passar dos anos, olhar para seu retrato seria uma tortura, pois ele lhe lembraria dos tempos de juventude.
Por causa disso, ele acaba fazendo um pacto: sua aparência continuaria impecável para sempre, enquanto o quadro refletiria as marcas da idade e do tempo.
Mas o preço da beleza infinita foi caro. Dorian passou a realizar feitos não muito nobres e ir contra os princípios morais e éticos da Inglaterra do século XIX. E o quadro, que ele mantinha muito bem escondido, passou a refletir sua alma maligna.
(Se você gosta de literatura clássica, o livro é uma indicação excelente. Apesar de não ter sido o objetivo de Wilde com a obra, ela nos faz refletir muito sobre a arte e os padrões estéticos).
Como vocês podem perceber, Dorian venerava sua beleza. Sua aparência física era tudo para ele. Ela era a raiz de seu egocentrismo.
Porém, ele pode se manifestar em nós de formas muito distintas:
Pelo engrandecimento exagerado de nossos feitos, por um orgulho exacerbado de si mesmo e pela falta de humildade, entre outros sentimentos e emoções.
Em suma, o ego se torna nosso maior inimigo quando fala mais alto e dita nossas ações.
E, por mais que ninguém (além de Dorian) tenha conseguido sustentar a autoimagem exagerada por muito tempo, o ego nos torna pessoas más e perversas, como a personagem do livro.
No livro “O ego é seu inimigo”, Ryan Holiday afirma, inclusive, que o orgulho precipitado (uma das características do ego elevado) é o passo rumo ao abismo e à queda.
E você sabe por que o ego pode vir a ser tão prejudicial?
Porque o orgulho exagerado fecha nossos olhos para sugestões, feedbacks e para o desenvolvimento.
Ele nos faz acreditar que estamos em um patamar muito mais elevado do que realmente estamos, o que nos leva a crer que não precisamos nos preparar e que “merecemos” conquistar sucesso e prestígio.
Essa crença exagerada elimina nossa humildade e nos impede de estarmos em constante aprendizado. Afinal, como poderemos aprender aquilo que já acreditamos saber?
O grande problema é que é muito fácil perdemos o controle e deixarmos o ego tomar conta de nós.
Então, como evitar que isso aconteça?
Acredite ou não, nosso querido Ryan nos ajudou com isso também.
Ele diz que o caminho a ser seguido é fazer nosso trabalho, manter a consistência e seguir nosso propósito. Dessa forma, nossa confiança será baseada em nosso crescimento e não em uma imagem idealizada de nós mesmo.
Assim, poderemos manter nossa personalidade pequena e se concentrar no que fazemos, para termos resultados concretos e mensuráveis.
E, claro, não deixaremos que o sentimento de superioridade e o orgulho se aposse de nós!
Para terminar, gostaria de trazer uma frase do livro que é um mantra no combate ao ego:
“Veja muito, estude muito, sofra muito, eis o caminho da sabedoria.”
E chegamos ao fim de mais um artigo!!
Vamos manter o diálogo? Deixe seu feedback e sua contribuição, eu adoraria saber o que você pensa :)