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#EfeitoNetflix: o sucesso do xadrez em o Gambito da Rainha

#EfeitoNetflix: o sucesso do xadrez em o Gambito da Rainha
Liliane Carvalho
Jan. 13 - 6 min read
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A guerra dentro do tabuleiro, e um jogo que atravessou gerações, essas são as principais características do xadrez, e de sua origem controversa.

Sua primeira história é a que Ares, o deus da guerra, teria criado o jogo para testar suas táticas de combate, e a segunda é a de que surgiu na Índia para ajudar na cura da depressão do rajá de um reino na pequena cidade de Taligana. A competitividade sempre esteve relacionada ao jogo, e ele é sim uma modalidade esportiva, daquelas que causam a discórdia mundial.

No #EfeitoNetflix de hoje, vou falar sobre o sucesso de O Gambito da Rainha, uma minissérie de produção independente da plataforma de streaming, baseada no livro de ficção do mesmo nome escrito por Walter Tevis e publicado em 1983. Mas antes de contextualizar a história precisamos entender o título que ela recebe, e sim é o Gambito, e não o Cambito de uma rainha de pernas finas.

Desvendando o título:

Em certas regiões do Brasil “gambito” ou “cambito” é sinônimo de pernas finas, que vem de uma etimologia simples: derivada do italiano gambeta, diminutivo de gamba – no português “perna”. Ou seja, ao pé da letra, gambito é sim um jeito de dizer “perninha”. A origem do tal gambito da série é exatamente a mesma: gambetto, com “o” no lugar de “a”, significa “rasteira”, que também tem a ver com pernas. E quem leva a rasteira? Obviamente os adversários da rainha dos tabuleiros.

Já o contexto completo do título leva em sua bagagem um peso ainda maior, uma vez que, dentro do xadrez, o gambito da rainha é uma estratégia de abertura, em que se sacrifica uma de suas peças para conseguir vantagem sobre o adversário. Entre os jogadores profissionais ceder ou não ao sacrifício é uma escolha, já que ninguém é realmente pego de surpresa.

Essas interpretações quanto ao nome podem ser aplicadas a própria vida da protagonista, mas não estamos aqui para dar spoilers não é mesmo?

E por falar em protagonista, nada melhor do que oferecer a vocês uma pequena dose do que é a série.

A história da grande enxadrista: Elizabeth Harmon

A trama conta a história de Beth Harmon, uma jovem órfã, que na década de 1950, se torna um prodígio no xadrez ainda criança. Ao longo dos anos, a jornada de Harmon é marcada por uma rápida ascensão, ao mesmo tempo em que enfrenta seus traumas e vícios autodestrutivos.

Ambientada nas décadas de 1950 e 1960, a série explora diversos cenários, e países como os Estados Unidos, México, França e União Soviética, levando nossa querida Beth a enfrentar diversos desafios dentro do esporte, e em sua vida pessoal simultaneamente.

O Gambito da Rainha explora o amadurecimento de Harmon dentro e fora dos tabuleiros, onde todos os desafios geram uma personagem complexa, que vive na contradição entre tentar ser a melhor do mundo e o interesse por um esporte dominado por homens.

O fio condutor da história é o xadrez, mas não pense você que os atores não sabem o que estão fazendo, muito pelo contrário, grandes profissionais da modalidade atuaram como consultores na elaboração, e as principais partidas são baseadas em jogos reais.

O que antes era visto como um esporte intelectual, e complexo, passou a ser admirado por muito telespectadores pela lógica apresentada durante a trama. E todo esse interesse se converteu em grandes números dentro do mercado de vendas e consumo.

Falando de números: a minissérie que atingiu a marca da mais assistida na história da Netflix

Com estreia feita no final de outubro, O Gambito da Rainha atingiu a marca de mais de 62 milhões de casas pelo mundo, que maratonaram a série em seus primeiros 28 dias na plataforma, ganhando o título de minissérie mais assistida da história da Netflix.

Mas não foram só essas conquistas que a série vem marcando, desde sua estreia, segundo o Google Trends, houve um aumento de 91% nas buscas de xadrez no Youtube, o interesse dos usuários no xadrez quase quadruplicou desde a estreia, e as buscas por “jogos de xadrez” cresceram em 41%, atingindo seu nível mais alto dos últimos sete anos.

Em entrevista ao The New York Times, um representante do E-Bay, plataforma de comércio eletrônico, estimou que a venda de tabuleiros cresceu em 215%, já a empresa Goliath Games calculou um aumento ainda maior em mais de 1000%. E ainda de acordo com o NPD Group, as vendas unitárias aumentaram em 87%, e as de livros de xadrez em 603%, indicando um pico depois de anos de crescimento estável ou negativo das categorias.

Os jogadores online investiram no aplicativo Chess – Play & Learn (Xadrez – Aprenda e Jogue), que subiu 847 posições no ranking mundial, com mais de 400 mil downloads em menos de 30 dias. E para você que ficou interessado, outra opção bem legal é que no site Chess.com, você se cadastra e joga uma partida contra um computador que imita Beth Harmon em diferentes idades: dos nove, quando aprende a jogar com o zelador no porão do orfanato, aos vinte e dois anos quando encara o então mestre soviético Borgov. Mas muito cuidado: atacar a rainha do gambito com um gambito pode não ser a melhor das ideias.

A minissérie tem classificação indicativa de 16 anos, e conta com um elenco formado por Anya Taylor-Joy, Bill Camp, Marielle Heller, entre outros famosos.

E da opinião de quem assistiu: vale a pena conhecer, que com certeza você vai se apaixonar ao menos um pouquinho pela queridinha rainha dos gambitos Beth Harmon.

Se você chegou até aqui, me conta nos comentários o que acha do efeito que a série teve, seu feedback é importante.

 

Um beijo e um queijo, e até a próxima <3


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