Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
BACK

Descubra o que Homer Simpson e LinkedIn têm em comum.

Descubra o que Homer Simpson e LinkedIn têm em comum.
Mariana Rosa de Lima
Aug. 3 - 10 min read
000

A quantidade de conteúdo, cursos, eBooks, que ensinam o que é e técnicas de Storytelling, só aumenta, desde o ano 2015 para frente...

O que poucos sabem, é que o termo e suas aplicações, foram estudados pela primeira vez em 1993, por empreendedores, que criaram um projeto super inovador para aquela época, “American Film Institute”, foi o nome dado a iniciativa de estimular as pessoas contarem as histórias de suas vidas, através de uma comunicação mais simples que a utilizada naqueles tempos.

Daí em diante, o termo foi apresentado a empresas e corporações.

Muito antes ainda Aristóteles já discutia o que hoje são os princípios básicos do Storytelling, em “Poética”, conseguimos extrair as principais referências, ainda super atuais (escrito 335 antes de cristo).

Fica claro portanto que não é uma novidade!

Semanticamente, a construção da palavra tem origem inglesa e é a junção de Story e Telling. Respectivamente traduzindo, Contar Histórias.

Não precisa começar escrever um livro, não há necessidade de se tornar o Forrest Gump. A sua história deve ser contada de acordo com seu perfil, estilo, competências emocionais e experiências. É tudo tão natural, que não deveria sequer ter método, o que acontece é que as pessoas se esqueceram como ser elas mesmas.

Tudo é história.

Seu filho chega em casa, conta como foi a escola, você compartilha com seu companheir@ como foi o trabalho, você conta aos seus pais e amigos momentos engraçados ao longo da semana em um almoço de domingo.

E de repente, quando é para contar sua trajetória profissional, você simplesmente não consegue sair do lugar.

Usa termos técnicos, palavras soltas, o contexto não possui sequer ordem cronológica, não existe objetivo ou aspirações, metas de curto ou longo prazo passam longe, uma bagunça basicamente.

Imagine se a história de João e Maria, começasse pelo fim, toda emoção de acompanhar a trajetória de dois irmãos imprudentes movidos pela curiosidade, seria destruída. Pode ser ainda que o objetivo principal de reforçar uma moral e plantar a semente do questionamento dentro do leitor, se perdesse e você possivelmente nunca conheceria o clássico.

Exceto, O curioso caso de Benjamin Button, a ordem cronológica é fundamental para que a lógica se estabeleça e as pessoas possam assimilar o conteúdo com mais facilidade.

Não precisa levar ao pé da letra e contar desde o maternal quando entrou na escola.

O ponto forte aqui é destacar para cada momento, como você deseja impactar o seu público alvo.

Partindo do pressuposto que estamos falando sobre Storytelling e Carreira, a primeira coisa é não deixar se levar por conteúdos que prometem fórmulas, mentir, aumentar fatos e claro, o assunto principal é a sua trajetória profissional.

Como isto pode me ajudar estabelecer minha marca profissional?

Seja no seu resumo do LinkedIn, em uma entrevista de emprego, palestra ou qualquer outra situação, o que todos fazem ao contar sobre sua carreira, é falar pontualmente sobre sua formação, escolha do curso, atual e demais posições.

Você pode ter mestrado, doutorado, falar 3 idiomas, ter trabalhado nas melhores empresas do mundo e te garanto que tudo isto vai virar pó na cabeça de quem te ouvir.

Historicamente, é assim que o ser humano se comporta, 90% das não sabe ouvir como também 90% das pessoas não sabem como falar. Além disto todas estas informações básicas, podem ser encontradas no seu currículo.

Você precisa direcionar seus esforços, para o que realmente importa.

20 minutos de frente a um recrutador em uma entrevista ou os 3 minutos de leitura dinâmica do seu perfil no LinkedIn, são recursos muito preciosos e você não pode desperdiçar este tempo.

O que eu vejo em muitos perfis, principalmente no resumo (a parte mais adequada para usar amplamente esta estratégia), são competências emocionais em forma de tópicos, experiências profissionais sem ligação nenhuma entre si, palavras chaves com tanto exagero, que não dizem nada sobre as habilidades.

Competências emocionais, experiências profissionais, conquistas, palavras chave e formas de contato, são sim quesitos obrigatórios que seu Storytelling deve ter, mas histórias precisam fazer sentido.

Duas aplicações na prática que tornem mais claro.

Suponhamos que o profissional José, esteja reformulando seu discurso de apresentação, para aumentar suas chances em ser encontrado no LinkedIn, como referência em vendas de campo para peças de carro.

Atualmente o perfil dele contém a seguinte descrição:

Profissional com 10 anos de atuação na carreira de Representante de Vendas.
Já trabalhei também com mecânica de carros e troca de óleo durante 15 anos.
Quero ser um grande Gestor Comercial um dia.
Sou perfeccionista e trabalho em equipe como ninguém.
Minhas principais habilidades são, fechamento de vendas, mecânica de carros 4x4, troca de rodas.
Contato: José (XX) 3765-XXXX.

Em primeiro lugar, por favor não inclua que você é perfeccionista em lugar nenhum, nem se te perguntarem, a verdade é que ninguém se importa com suas qualidades ou defeitos, mas sim, como eles podem impactar o trabalho no dia a dia.

Falar em tópicos sobre suas características, é muito perigoso, porque é na maioria dos casos vai passar a ideia de impessoalidade e portanto não inspira confiança.

O José além disto, usa termos genéricos, Representante de Vendas, se você buscar por este cargo agora em qualquer campo de buscas vai encontrar MUITOS resultados. Além disto, Representante de Vendas e Mecânico de Carros/ Troca de Óleos, a primeira impressão parecem ser palavras chave sem muita conexão, eu ficaria muito curiosa por exemplo em entender como foi esta transição, ainda mais que foram 10 e 15 anos respectivamente.

As informações parecem que “brigam” entre si, competem por atenção a cada frase de forma totalmente desorganizada. O José tem 25 anos de experiência, com certeza tem muito a ensinar a muitas pessoas, mas não consegue se fazer comunicar bem.

Ao contrário disto, ele se informou em busca de conteúdo de qualidade e acabou por fazer uma nova versão do seu resumo.

Ficou mais ou menos assim:

Aprendi com meu pai, muito mais que consertar carros.
Durante 15 anos me dediquei a função de mecânico na Oficina Auto Peças. Além de trocar óleo, fazer alinhamento e pequenos reparos, eu tinha um comprometimento muito grande com meus clientes, ensinava sempre boas práticas para que os problemas fossem sempre previstos, evitando gastos imprevistos no orçamento familiar.
Não demorou muito, minha capacidade de ajudar as pessoas foi identificada como uma habilidade de comunicação efetiva e eu acabei assumindo minha atual posição de Representante Comercial em um fabricante de peças para carros.
Permaneço na função atual por 10 anos e acredito que estabelecer laços de longevidade nas empresas, faz bem para meu principal objetivo profissional, ser Gestor Comercial. Estabelecer relações sólidas com meus pares e líderes e colaboração mútua com troca de ideias, alimenta minha experiência de acordo com meus sonhos.
A troca constante de informações com a equipe, e toda experiência na área operacional, me ensinaram bons gatilhos de fechamento, garantindo fechamentos com receita previsível e metas batidas 100%.
Você pode me encontrar através dos contatos abaixo:
Telefone: XX E-mail: XX

Perceba agora, que as chances de ser lembrado (com as mesmas informações fornecidas), são muito maiores na segunda hipótese, em que os fatos se conectam entre si.

Existe início, meio e futuro na projeção do José, ele inspira confiança e sua trajetória é muito bem formulada, com certeza sabe o que está fazendo, tem objetivos claros e a forma como adquiriu experiência desde o setor operacional até onde quer chegar, demonstra sua força de vontade e valores, que parecem ser adquiridos fruto da educação paterna.

Ele deixa claro ainda que, é perfeccionista e trabalha em equipe de forma colaborativa, com muito mais cuidado, logo para mim parece que ele realmente está preparado para ser gestor.

Ao final, vende o “próprio peixe” destacando os frutos que colheu através de um trabalho bem feito, metas alcançadas e receita previsível.

Qual empresa não deseja ter um profissional com este?

Note que não foi preciso escrever um texto longo, com palavras difíceis, os termos chave foram todos inseridos ao longo da narrativa de forma fluida.

Você não precisa ser um grande escritor, inventar, aumentar, mentir, nada sobre você. Com certeza existem fatos marcantes que te levaram onde você está hoje, e é esta história que o mundo enquanto espectador deseja ouvir.

As pessoas cada vez mais, estão imersas em seus problemas, suas dúvidas, angústias e a mente vai longe, se você não for capaz de trazer a atenção para o presente, vai ser como falar para as paredes.

Ou também, como quando a Maggie pede qualquer coisa para o Homer Simpson.

No alt text provided for this image

Não seja a Maggie e ao mesmo tempo, não seja também o Homer.

Aprenda no discurso do outro, tudo aquilo que não te agrada, não te prende atenção, que você considera inútil, para que possa avaliar como vem se comunicando.

É muito importante apreender ouvir também, não só falar.

Por fim, te adianto que você é um ser humano que já nasceu sabendo se comunicar, quando você ainda não sabia sequer falar, já era possível alimentar-se apenas através do choro.

Em algum momento, acabou perdendo esta capacidade, seja na escola, com os amigos, na TV, redes sociais e milhões de outros meios de comunicação, que foram te enganando sobre quem você é ou moldando quem gostariam que fosse.

Todos tem uma história incrível a ser contada e eu gostaria muito de ouvir a sua, me chame para bater um papo, que eu vou amar ;)


Report publication
    000

    Recomended for you