Leitores e leitoras, como vocês estão?
A discussão que trago para vocês hoje é sobre algo cada vez mais presente entre os estudantes e os profissionais do mercado de trabalho como um todo: a Síndrome do Impostor.
A título de esclarecimento, grande parte das informações contidas aqui foram retiradas do podcast produzido sobre o assunto pelo Naruhodo. O episódio tem cerca de 50 minutos e, caso você se interesse em saber mais sobre, recomendo que o ouça aqui.
Agora que tudo está devidamente claro, vamos começar?
É muito importante, antes de tudo, estabalecermos as diferenças entre Síndrome do Impostor, Síndrome de Burnout e procrastinação.
Basicamente, a Síndrome de Burnout se manisfesta em um ambiente tóxico e cheio de cobranças, ou seja, ela é desenvolvida por fatores externos. No outro extremo, temos a procrastinação, que possui raízes internas.
A Síndrome do Impostor, por sua vez, é uma combinação de fatores externos e internos.
Ela nasce a partir da relação do indivíduo com a sociedade onde está inserido, sendo classificada como um fenômeno cultural, e não mental.
Pelo fato de ela depender do ambiente interno e externo, ela começou a ser percebida a partir da Revolução Francesa.
Mas, Jeanne, o que a Revolução Francesa tem a ver com a Síndrome do Impostor?
Bom, leitores e leitoras, o ponto é o seguinte: antes desse acontecimento histórico, a sociedade era construída de uma forma que não permitia mudanças.
Havia apenas três grupos de pessoas: o clero, a nobreza e o proletariado, e as pessoas não mudavam de ambientes. Elas estavam destinadas a morrerem da mesma forma que nasceram, pois a chance de ocorrerem mudanças entre esses grupos era praticamente nula.
Por causa disso, ninguém sentia necessidade de atingir expectativas externas, pontanto, não havia cobranças por parte de outros indivíduos.
Contudo, a Revolução Francesa que se iniciou em 1789 mudou drasticamente a construção da sociedade como um todo. Uma dessas mudanças se deu na relação de trabalho, pois as pessoas passaram a depender daquilo que elas entregavam.
Com isso, os resultados apresentados passaram a ser valorizados. Logo, surgiram pessoas que vendiam ideias e pessoas que as compravam.
Antes, se você produzia uma mesa, por exemplo, sua margem de erro era pequena, ou seja, você não se sentia pressionado a agradar alguém. Porém, quando trabalhos intangíveis começaram a aparecer, as pessoas deveriam produzir algo que fosse do agrado de outra pessoa.
E essa relação só aumentou...
Hoje, o que existe é uma pessoa ou entidade externa que quer algo, e você que vai entregar algo para essa pessoa. É nessa relação hierárquica, que pode ser de trabalho, familiar ou escolar, que nasce a Síndrome do Impostor.
A partir disso, a Síndrome do Impostor possui um ciclo: você recebe uma demanda e deve uma entrega a alguém, então começa a ficar ansioso. Essa ansiedade gera preocupação e procrastinação.
Pode ser que você se sinta travado e demore para começar a produzir. Dessa forma, faz tudo de uma vez na última hora e se sente aliviado quando vê o trabalho pronto.
Após isso, se a pessoa te dá um feedback positivo sobre o trabalho, você se sente mal pois sabe que poderia ter feito melhor. Você acaba duvidando da resposta do outro e colocando em cheque sua autoeficácia.
Você se sente uma fraude e acredita ser incapaz de receber o reconhecimento positivo, pois sabe que não entregou toda sua capacidade naquele serviço.
Dessa forma, o ciclo recomeça toda vez que há novas tarefas.
Vale a pena destacar que, nesse ciclo, as características mais presentes são a autodúvida e a autocrítica exagerada. O indivíduo, além de estar constantemente duvidando de sua capacidade e se perguntando se está fezendo algo bom, sua autocrtítica elevada faz com que ele estabeleça metas impossíveis para si.
Essas metas são o ponto determinante da Síndrome do Impostor, pois uma vez que você nao consegue atingir tais metas, acredita que nunca fará algo bom o suficiente.
Agora vocês devem estar pesando:
- Certo, Jeanne. Mas o que eu posso fazer para evitá-la?
E, para te ajudar nesse processo, eu trouxe uma dica de ouro!
O filósofo Michel de Montaigne (1533-1592) disse o seguinte:
"Todo mundo faz coco, mesmo reis e damas"
Com essa frase, basicamente, ele quer dizer que todas as pessoas cometem erros, o problema, é que tendemos a esquecer disso. Costumeiramente, colocamos as outras pessoas em um pedestal, mas fazemos o contrário com nós mesmos.
Temos um olhar duro e crítico para o que produzimos, o que nos faz apontar muito defeitos e duvidar de nossos resultados.
Sabe o motivo disso?
Isso acontece porque, quando você olha para o outro, você o vê sob uma perspectiva externa, só enxergando o que ele produz. Mas, quando olha si, você adota uma postura interior e está consciente de todas as suas angústias.
Você sabe dos seus pequenos deslizes e acredita que eles definem toda a sua produção. Porém, como diz Montaigne, no fundo todo mundo faz cocô.
Todos cometem erros e está tudo bem, pois as outras pessoas raramente ficam sabendo desses erros. Mas, por não termos consciência dos deslizes dos outros, tendemos a vangloriar algumas pessoas, mesmo que elas sejam como todos nós.
Dessa forma, meu ponto final é:
Acredite nos feedbacks positivos que a vida te dá e não duvide de sua capacidade!
Chegamos ao fim de mais um artigo...
E você? Já passou pela Síndrome do Impostor? Como foi sair dela e retomar a confiança em si mesmo?
Me conte, eu adoraria saber um pouco sobre suas experiências...
Um abração e até a próxima!!