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Como o Inglês mudou minha vida, e também pode mudar a sua?

Como o Inglês mudou minha vida, e também pode mudar a sua?
Daniel Souza
Aug. 4 - 8 min read
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Olá, me chamo Daniel Souza, tenho 33 anos e esta é a minha história. 

 

Desde que nasci e até completar 18 anos de idade, cresci em uma comunidade carente da zona oeste do Rio de Janeiro chamada Senador Camará. Talvez você a conheça, pois, esta comunidade já esteve presente em diversos veículos de comunicação como uma das regiões mais perigosas do RJ. Pois bem, aos 9 anos de idade, meu pai me abordava próximo ao meu aniversário, que é no dia 4 de maio, perguntando o que eu gostaria de ganhar de presente, e foi aí que tudo começou a tomar um rumo diferente na minha vida. Neste dia, pedi à meu pai que me matriculasse em curso de Inglês como presente de aniversário. Ele sendo marceneiro e minha mãe dona de casa, não tinham como arcar com esse custo, que na época era absurdo, mas mesmo não tendo condições financeiras, ele deu um jeito de me matricular como eu havia pedido. Foi aí que comecei a estudar inglês. 

Aos 12 anos de idade, comecei a imaginar como seria minha vida se eu fosse estudar, trabalhar e morar nos EUA. Claro que naquela época e naquelas situações eu só poderia imaginar, mas não tinha muito o que fazer. Aos 14 anos de idade, comecei a trabalhar em um projeto do governo chamado, na época, de “Menor Aprendiz”, e foi aí que a luz no fim do túnel apareceu. Com os R$350 mensais que eu ganhava, eu via uma possibilidade de realizar esse sonho. 

Como sempre estudei em escola púbica, eu tinha meu uniforme e o passe livre nos ônibus do município para correr atrás de tornar o meu sonho real, e foi aí que comecei a visitar as agências de intercâmbio de todo o RJ. Em sua grande maioria, não me deram atenção, pois, afinal, quem acharia que um “moleque”, com uniforme da prefeitura, teria condições de pagar um intercâmbio? Mas aí, mais uma vez, o destino e o universo conspiraram ao meu favor, e uma jovem atendente de uma agência na Barra da Tijuca, abriu as portas da agência, sorriu para mim, e disse: ...”Entra, senta aqui, deixa eu te mostrar as opções de intercâmbio que eu tenho para você”...

A partir daí eu precisava chegar em casa e convencer meus pais a embarcarem nesse meu sonho até então “louco” de ir para o exterior. Depois de muita conversa, várias ligações e reuniões, eles disseram o tão esperado sim. Então, o próximo passo agora, e o mais importante, era pagar por esse sonho. Com o meu salário de R$350, a atendente da agência conseguiu fazer um pacote onde ela englobou todos os serviços e parcelou tudo junto para mim, ficando uma parcela de R$300 por mês, durante quase 2 anos, ou seja, me sobravam R$50 por mês. Nos fins de semana, meus amigos me chamavam para ir ao cinema, ao shopping, passear, e a minha desculpa era sempre a mesma, “Não tenho dinheiro”, até que um deles me questionou: ...”como que você trabalha e nunca tem dinheiro para fazer nada? ”, e aí eu usei a desculpa de que ajudava em casa e não me sobrava nenhum dinheiro. Sim, eu falava isso sempre que me chamavam, para justificar a minha falta de dinheiro.

O tempo passou, e eu terminei meu curso de inglês aos 17 anos, o meu intercâmbio já estava pago, e ao completar 18 anos em maio, minha viagem já estava agendada para dezembro do mesmo ano. E lá se foi o jovem da periferia em busca do grande sonho de morar no exterior. Inicialmente, o meu intercâmbio tinha duração de 5 meses, ao chegar lá e me deparar com tamanha discrepância com tudo que eu estava acostumado aqui no Brasil, eu decidi ficar. Consegui renovar meu visto, consegui continuar trabalhando e estudando como eu fazia antes, e os 5 meses viraram 3 anos e 8 meses. Neste tempo, adquiri muita experiência profissional, aprimorei meu inglês, aprendi espanhol, e só acrescentei ao meu currículo. 

Devido à um problema de saúde na minha família aqui no RJ, eu fui obrigado a voltar para o Brasil, mas agora com a mente e a visão de mundo totalmente diferente daquele jovem que havia ido há quase 4 anos atrás. Chegando aqui, precisava trabalhar para dar o auxílio que meus pais precisavam em um momento de crise e dor, foi aí que fui convidado a dar aula de inglês em uma rede muito conhecida em todo o país. Fiquei por quase 3 anos trabalhando como professor de inglês, mas sentia que ainda faltava algo para me preencher, não me sentia completo enquanto profissional e enquanto pessoa. E aí, veio a oportunidade de trabalhar embarcado em um navio de cruzeiro, para uma empresa americana, no setor de entretenimento do mesmo. Fiquei 2 anos trabalhando como Youth Staff, viajei o mundo, tive a imensa oportunidade de visitar exatos 45 países e depois desse tempo voltar ao Brasil.

Pronto, agora eu me sentia completo pessoalmente, mas sentia que o profissional ainda estava deixando a desejar. Foi aí que decidi fazer um curso de formação superior em tecnologia de Gestão de Recursos Humanos. Feito o curso, eu precisava de algo na área para obter experiência e ter maiores chances no mercado de trabalho. Mas infelizmente a história foi bem diferente. Não consegui estágio e muito menos trabalho na área. O que fazer? Desistir? Jamais!

Voltei a dar aulas de Inglês de forma autônoma, dentro da minha casa, em conjunto com a mesma escola de inglês que havia trabalhado antes de embarcar. Depois de mais de 10 anos somados de experiência em sala de aula, eu decidi fazer algo que jamais havia passado pela minha cabeça antes, empreender e ter meu próprio curso de inglês.

E aí, os problemas começaram e só aumentaram. Lembrei daquele menino sonhador, que lá no passado acreditava que tudo era possível, pedi forças a ele e segui de cabeça erguida, mesmo sabendo que poderia dar errado. O que me motivava não era o fato de me tornar empresário e muito menos de ser rico, mas sim mostrar à todos que o acesso ao ensino da língua que hoje é de extrema importância para todos, pode e deve ser acessível. E aí surgiu a ideia do nome do curso: Mais Inglês para Todos. Bingo!

Saí da sala de casa, aluguei um espaço, e os 2 alunos que eu tinha em setembro de 2019, se tornaram 100 alunos, que é o número atual de alunos do curso. Mas aí, a vida mais uma vez veio mostrar que eu teria que me reinventar e inovar, pois chegou a pandemia e o isolamento social. O que aconteceu depois? Dos 100 alunos, 85 desistiram por não se adaptarem ao método de ensino on-line. Hoje a escola encontra-se fechada, mas e agora, o que fazer? Se desesperar? JAMAIS! Enviei meu currículo atualizado para uma vaga de Consultor Bilíngue no HURB (Hotel Urbano), e hoje pertenço à esse time incrível.

Moral da história: Nunca espere que seja fácil, pois não será. Reinvente-se todos os dias. A vida tem dessas coisas, ela sempre vai te testar até você achar que não consegue mais, é aí que entra a força de vontade e a fé em quem você é de verdade. Nunca se esqueça da sua essência, de quem você é, de onde você veio, e onde quer chegar, use todas essas ferramentas como fonte de energia para prosseguir. Você é capaz sim!

 

Este sou eu, e esta é a minha história. Juntos somos mais fortes, e podemos mudar a realidade do nosso país! E você, vem comigo?


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