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CHANDLER BING & IKIGAI: DEMOROU, MAS SE ENCONTRARAM.

CHANDLER BING & IKIGAI: DEMOROU, MAS SE ENCONTRARAM.
Pamella Guimarães
Aug. 29 - 7 min read
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Quem assistiu Friends, nem que poucos episódios, sabe que um dos seis protagonistas não é tão feliz assim na carreira profissional. E é sobre ele que vou falar hoje! Sim, a série tem um moooooooonte de questões a serem problematizadas, mas vim falar de uma angústia específica: um jovem-adulto aparentemente bem-sucedido e extremamente infeliz, uma soma que norteia basicamente toda uma geração que acredita que para ser feliz no trabalho basta ganhar bem.

 

Não é o que vemos quando Chandler está em cena. Todos os outros cinco personagens, tendo sucesso ou não, seguem uma mesma carreira durante toda a trajetória da série; ou ao menos sabem o que querem, mesmo que não consigam o objetivo com facilidade, ou que ganhem menos que outros. Até Rachel, que começa no mercado de trabalho pela primeira vez depois dos 25, sabe muito bem aonde quer chegar. Mas para o nosso amigo debochado o caminho é mais trabalhoso.

 

                                        Eu não sei o que vou fazer da minha vida.

 

Por que mais trabalhoso? Ele ganha super bem, aparentemente... Era o que eu pensava, ou o que ninguém pensava, porque ninguém nem ao menos sabia o que ele fazia no trabalho ou sua profissão, assunto motivo de piada entre seus amigos. E, por essa invisibilidade, Chandler não se sentia invisível apenas como profissional, mas também como pessoa, tendo todas as suas experiências esvaziadas pela falta de um propósito.

 

                                                          Infelizmente... Isso ESTÁ certo

 

Em um episódio lá pelo meio da série, em uma aposta montada em forma de quiz, Monica e Rachel precisam responder qual é a profissão de Chandler. Caso errem, perdem o próprio apartamento. E é exatamente o que acontece: Rachel responde com uma profissão que “não é nem uma palavra”.

 

                                     Oh! Oh! Oh! Ele é um transpons... 'TRANSPONSTER'!!

 

Como isso é um problema? Bing até tenta se demitir por algumas vezes, e pra ele o trabalho é sempre uma grande tortura e, mesmo apoiando a vida profissional a princípio mal sucedida do melhor amigo, sempre o apoia tanto psicológica quanto financeiramente, pagando por cursos de teatro, sessões de fotografia e palavras de motivação. Mas quanto si? Autodepreciação sempre foi o caminho.

 

                  Se eu morresse, a única forma das pessoas saberem que eu estive aqui                                                seria a marca da minha bunda nesta poltrona.

 

É sempre mais fácil ajudar alguém do que buscar ajuda para nós mesmos. O problema é que ele não sabe que isso é o motivo interior de todo seu vazio, Chandler não consegue ver que somos tudo o que fazemos, e nosso emprego é uma extensão do nosso Ser. Isso gera nele, por muitos e muitos episódios, frustração, vícios e uma extrema incapacidade de lidar com problemas.

 

Só que tudo muda. Por um motivo e momento, tudo precisou mudar. Mais maduro, começa a se questionar sobre as razões pelas quais está fazendo algo que odeia. E o que ele faz, afinal? Chandler trabalha com Análise Estatística e Reconfiguração de Dados. Pode ser a profissão perfeita pra quem ama análise estatística e reconfiguração de dados, claro, não me cabe menosprezar nenhuma carreira, exceto que: Chandler é extremamente criativo e inquieto, seu perfil divertido e antológico não o permite amar uma tela de computador e análises que, pra ele, são puramente numéricas e vazias.

 

                               ESTAR AQUI É UM SACO. ESSE TRABALHO É UM SACO.

 

Para perceber o quanto estava no caminho incorreto ele precisou ter ido longe demais Mr. Bing precisou ser promovido, o que deveria ser o sonho de qualquer pessoa, mas que pra ele só causou mais frustração. Um verdadeiro looping de desmotivação e infelicidade.

 

                    Eu quero começar a beber pela manhã. Não diga que eu não tenho metas!

 

É aí o ponto crucial de sua mudança. Vendo a vida de todos os seus amigos e namorada caminharem rumo ao que sonham, ele começa a se questionar por que faz o que faz, por que se deixa consumir desperdiçando seu tempo em algo que não o faz feliz, ainda que não soubesse naquele momento o que a felicidade seria. Mas o primeiro passo para encontrar seu  Ikigai foi dado.

 

          EU NÃO TENHO ESPERANÇA, SOU ESTRANHO E DESESPERADO POR AMOR!

 

Podemos entender o Ikigai como propósito de vida, a razão pela qual você se levanta todos os dias. O conceito pode ser melhor entendido na internet muito facilmente, ou mais profundamente em algum dos livros sobre o tema, como Ikigai: Os cinco passos para encontrar seu propósito de vida e ser mais feliz, do neurocientista japonês Ken Mogi

 

 

Chandler encontra seu Ikigai quase na marra mas, uma vez encontrado, ele entende e começa a viver, de fato. O primeiro passo é o pedido de demissão de seu emprego estável e bem remunerado e para iniciar um trabalho como estagiário sem nenhuma remuneração em uma empresa de publicidade. O passo radical do personagem, mas super importante para sua nova construção, pois ali encontra felicidade, que é refletida na sua eventual promoção a redator/publicitário jr.

 

Tudo em sua vida muda: seu relacionamento amoroso evolui, a forma com que vê a si próprio muda, e ele começa a dar passos mais largos e tomar decisões mais assertivas e permanentes para sua vida, como casamento, filhos e a compra de uma casa nova.

 

                                                   ÓTIMO TRABALHO CRESCENDO!

 

Sim, demorou para que se encontrassem. Mas todo o percurso vivido foi o gatilho necessário. Dar um passo pra trás não é retroceder, é dar dois para frente quando você ama o que faz e tem o – ainda – privilégio de fazer o que ama.

 

E você, está em busca do seu Ikigai? Quantas temporadas foram ou serão necessárias para que você olhe seu interior e encontre o que falta para a plenitude?

 


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