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A justiça poética em "Red Dead Redemption"

A justiça poética em "Red Dead Redemption"
João Vitor Muniz Buarque
Oct. 22 - 4 min read
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Obs.: Contém spoilers de “Red Dead Redemption” e “Red Dead Redemption 2”

    A franquia “Grand Theft Auto” (GTA) tem muitos méritos, e é o carro chefe da empresa Rockstar, mas é na franquia “Red Dead Redemption” que ela brilha. Enquanto GTA tem muitos jogos, ela só tem dois, o primeiro “Red Dead” e o segundo (sem contar o “Red Dead Revolver”, que é um antecessor “espiritual”). 

     Bem, em “Red Dead”  a Rockstar nos apresenta o melhor das histórias de western norte-americano, com intrigas entre o governo e indígenas, civilização vs. selvageria, tiroteios e trilha sonora magnífica. E a profundidade que são tratadas os personagens é excepcional. E nisso entra a justiça poética.

     O primeiro jogo é sobre John Marston, que é obrigado a caçar ex companheiros de gangue; a mesma gangue que o abandonou para morrer, e depois, traído pelo governo no qual foi obrigado a colaborar, é morto pelo agente Ross. No segundo, o protagonista é Arthur Morgan, e sendo uma prequela do primeiro, é sobre a gangue de Dutch van der Linde, a mesma de John. E com o passar do jogo, a gangue vai se quebrando, em parte por más decisões de Dutch, e ainda por ter o asqueroso Micah ao seu lado, o apoiando e lhe pondo más ideais em sua mente. 

     O final de “Red Dead 2” remete a “Gran Torino”, de Clint Eastwood, eternizado como o Homem Sem Nome, nos filmes de western spaghetti. Visto que está para morrer, de tuberculose (assim como o personagem de Clint com câncer de pulmão), Arthur se sacrifica para que John e sua família possam viver uma vida normal. A partir daí, controlamos John refazendo sua vida (até os acontecimentos do primeiro jogo) e vingando Arthur, matando Micah, assim como após o final do primeiro jogo, controlamos Jack (filho de John) para matar Ross e vingar seu pai.

     Mas no final (o verdadeiro final) do primeiro “Red Dead” não é a primeira vez que Jack e Ross se encontram. Anos antes eles se encontram, quando Jack é apenas uma criança e está pescando com Arthur, e Ross está calado acompanhando o agente John Milton, dos Pinkertons, que caça a gangue de Dutch e a leva ao rompimento, e que era ajudada por Micah, que se mostra um traidor. A vingança de Jack, matando Ross, na beira de um rio no México (remetendo ao seu primeiro encontro, na margem de um lago), não se resume só a vingança do  pai, embora em um primeiro momento sim… Mas também vinga Arthur, sua mãe, Abigail, que morre alguns anos depois de John (suspeito eu de tristeza), o sábio Hosea, o jovem Lenny, e todos os mortos da gangue.

     Outra justiça poética é sobre a morte de Dutch. Dutch, no segundo jogo, aparenta ser um líder carismático, mas à medida que as coisas vão ruindo, se mostra um assassino mau, manipulador, e até covarde, deixando Arthur morrer no alto de uma montanha. Se se escolher o final bom, com uma honra boa, Arthur vai em paz vendo o Sol nascer. A morte de Dutch, no primeiro jogo, é o contrário. John o encurrala no alto de uma montanha, e ele se suicida se jogando lá de cima após dizer a frase: “Nosso tempo acabou, John”; seu tempo de foras da lei, em uma terra onde a lei estava nascendo. Isso fica claro ao longo do segundo jogo, onde Arthur sempre diz para John abandonar aquela vida e começar uma nova. Arthur morre no alto de uma montanha, e Dutch, aos seus pés.


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