Estava iniciando a faculdade de direito e já estava com a cabeça borbulhando, tentando processar vários pensamentos ao mesmo tempo: ambiente novo, novas responsabilidades, novas pessoas, nova forma de estudar, e por aí vai.
Tudo era novo, mas tinha algo que me chamava muita atenção desde o início e me causava certa ansiedade só de pensar: como conseguir o tão famoso #estágio.
Nessa época eu era uma pessoa mega envergonhada, que basicamente só falava com pessoas que já faziam parte do meu círculo de amizade, tanto é que minha primeira amizade na faculdade surgiu quase que no final do primeiro período.
Comecei a observar o quanto essa timidez estava impedindo o meu desenvolvimento, pois, por exemplo, caso eu faltasse alguma aula, não conseguia pedir à algum colega de turma a matéria daquele dia, como também não falava com o professor quando me surgia alguma dúvida, preferia levá-la para casa e me entender com o outro professor, o Google.
Já no segundo período, comecei a observar que alguns colegas já estavam estagiando e eu me senti como se estivesse parado no tempo, ficando para trás, pois enquanto eles estavam contruindo uma carreira profissional eu estava ali estagnado.
Foi então que decidi que a timidez não mais seria uma barreira na minha vida pessoal e profissional. A partir dali comecei a conversar com esses colegas sobre como foi até conseguirem o seu primeiro estágio. Os testemunhos foram os mais diversos, desde indicações de amigos/familiares até "bater na porta" do empregador e demonstrar a sua sede por aprendizado.
Pouco tempo depois desse papo, conversando com um amigo sobre faculdade, estágio e mercado de trabalho, ele comentou que uma conhecida dele estava em busca de um estagiário voluntário para área jurídica, o qual iria atuar no Núcleo de Primeiro Atendimento da Defensoria Pública do Rio de Janeiro.
Não pensei duas vezes, peguei o contato dessa pessoa e já mandei uma mensagem me colocando à disposição para preencher aquela vaga de voluntariado. Não estava nem aí se não ia receber dinheiro, eu queria uma oportunidade para aprender, depois ia começar a me preocupar com o dinheiro, o qual também é importante rs.
No dia marcado compareci para fazer a entrevista e o frio na barriga era incontrolável, assim como aquele famoso suor frio e as mãos totalmente molhadas.
Deu tudo certo, fui aprovado e comecei no mesmo dia.
Até hoje, após terminar a faculdade e já ter passado por 5 estágios diferentes, considero aquele como um dos principais responsáveis pela minha evolução.
Naquele lugar não tinha tempo para lamentações e muito menos timidez, pois por se tratar de um núcleo de primeiro atendimento, as pessoas chegavam todos os dias às 6 horas da manhã para aguardar atendimento, trazendo milhares de problemas que precisavam ser resolvidos "pra ontem" e eu seria o responsável por atende-las, entender o problema e pensar em uma solução, tudo bem rápido, porque tinham mais 50 pessoas esperando.
A partir dali a minha comunicação melhorou demais, assim como o pensamento ágil em busca de soluções e a capacidade analítica, o que julgo como os principais pilares para que eu conseguisse os próximos estágios.
Por esse motivo sempre digo que desprezar experiências como voluntariado é um erro grave, pois não sei em que patamar eu estaria hoje caso tivesse ignorado aquela opotunidade por não ser um estágio remunerado.
Costumo dizer que toda experiência é válida, mesmo que pareça completamente ruim, algum aprendizado foi colhido e lá na frente veremos o quanto ela foi importante para nossa evolução.
Aproveitar o tempo consumindo experiências é a melhor forma de aprender.