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4 dicas de Polônio: o “ser ou não ser” da comunicação interpessoal

4 dicas de Polônio: o “ser ou não ser” da comunicação interpessoal
Bia Trivillin
fev. 25 - 8 min de leitura
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A RAINHA: Está suando e perde o fôlego. […] A rainha bebe ao teu bom êxito.

O REI: Não, não bebas, Gertrudes.

A RAINHA: Consenti, caro esposo, é meu desejo.

[…] (a rainha cai)

HAMLET: Que é que houve coma a rainha?

O REI: Desmaiou por ter visto muito sangue em ambos.

A RAINHA: Não é isso… a bebida… Oh! caro Hamlet! A bebida… a bebida… envenenada…

Assim Gertrudes, a rainha da Dinamarca, deixou o trono na peça Hamlet.

O marido da dama havia arquitetado um plano contra Hamlet. Gertrudes, porém, não foi avisada e bebeu da taça que era destinada ao príncipe. Dessa forma, o veneno que deveria acabar com a sede de vingança do rapaz, tirou a vida da rainha. Uma taça envenenada e um pequeno erro de comunicação foram o bastante para arruinar o plano do rei.

Shakespeare foi um grande conhecedor da natureza humana, não é a toa que a falha de comunicação - tema recorrente em suas tragédias - é uma problemática que pode afetar várias áreas da vida de um indivíduo.

Assim como na peça, uma comunicação mais clara e transparente no universo corporativo pode impedir muitos acidentes. Nesse artigo, você vai entender um pouco mais sobre o que é uma boa comunicação interpessoal e vai ficar por dentro de 4 dicas de polônio, que vão te auxiliar no desenvolvimento de diálogos mais produtivos.



O que é comunicação interpessoal? Eis a questão!

De forma geral, a comunicação interpessoal ocorre quando há troca de informações entre duas ou mais pessoas. Essas interações devem ser constantes no universo corporativo. Conseguir mantê-las de forma mais clara e precisa é a chave para um bom trabalho em equipe.

Manter um diálogo compreensível e produtivo pode ser bem mais difícil do que parece. Uma boa comunicação requer várias competências que são desenvolvidas a partir de nossas interações com o mundo externo e outros indivíduos. Há aqueles que desenvolvem essas habilidades mais facilmente, já outros levam um pouco mais de tempo.

O processo da comunicação pode parecer muito natural para algumas pessoas, mas isso não quer dizer que ele seja eficiente. Aí entra em jogo a importância de identificar se sua comunicação é funcional ou não.



Será que você sabe se comunicar bem? Eis outra questão!

Uma boa comunicação interpessoal é aquela que cumpre seus objetivos. Fazer-se entender e entender o outro, é basicamente isso que circunda um diálogo eficiente. Entretanto, esse processo que parece simples envolve muitas habilidades: falar de maneira clara, ser um bom ouvinte, ter uma boa escrita, leitura e interpretação. Até mesmo o emocional, a linguagem corporal e o tom de voz podem fazer a diferença na hora de se comunicar. Seu corpo, seu psicológico, e sua cognição devem trabalhar juntos para garantir a eficiência de uma troca de informações.


Aprenda com polônio!

Polônio é mais um dos personagens ilustres da tragédia de Hamlet. O camareiro-mor é também um grande conselheiro para alguns dos caracteres da peça. Apesar da personalidade de certo modo detestável, o velho pode ter muito a nos ensinar. Alguns de seus conselhos valiosos são mais atuais do que nunca. E agora, seus notáveis ensinamentos vieram direto do período elisabetano para te dar 4 dicas sobre como desenvolver uma boa comunicação interpessoal no mundo corporativo.


1 - “A todos, o teu ouvido.”

Não existem diálogos unilaterais na comunicação interpessoal. Para que ocorra uma troca de informações deve haver uma constante alternância entre os papeis de emissor e receptor. E se você acredita na passividade do ouvinte, você está bem enganado. Segundo o filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin, o próprio ato de ouvir carrega consigo uma posição ativamente responsiva. Isso ocorre porque ser um bom ouvinte vai muito além de permanecer em silêncio enquanto o outro fala. É importante processar as informações que você recebe, interpretá-las corretamente e trazer apontamentos e sugestões.

A troca de informações e experiências traz mais conhecimento, cria relações mais saudáveis e enriquece o ambiente de trabalho. Mas para isso, você deve estar disposto a ouvir e aprender com o outro.


2 - “Não dês língua aos teus próprios pensamentos, nem corpo aos que não forem convenientes.”

Compartilhar ideias e opiniões com sua equipe é sempre muito importante. Além do mais, se você construiu boas relações em um ambiente de trabalho, você vai se sentir confortável o suficiente para expor seus pensamentos. Entretanto, agir no calor do momento nem sempre é a melhor opção. Basta um pouco de impulsividade na hora de compartilhar algo para você acabar falando o que não deve. Então, é essencial considerar as consequências da sua fala e refletir sobre a relevância daquele compartilhamento.

As palavras abrem portas, destroem obstáculos e derrubam barreiras, mas elas também têm o poder de ferir e afastar. Uma fala de conteúdo inapropriado ou grosseiro pode sensibilizar as relações e a convivência. Por isso, até mesmo quando o assunto foge do profissional, a cautela é fundamental.


3- “A concisão é alma do espírito.”

Na comunicação do mundo corporativo, a acessibilidade e a eficiência são grandezas diretamente proporcionais. Ou seja, quanto mais clara e compreensível for a informação melhor ela será absorvida. Nesse sentido, preferir a concisão e objetividade pode contribuir para uma transmissão mais precisa dos seus pensamentos e ideias. A informação pode se perder no meio de tantos detalhes desnecessários, diante disso, atente-se aquilo que é substancial, vá direto ao ponto.


4 - “Sê amistoso, mas nunca vulgar […] Sê fiel a si próprio.”

Construir relações amigáveis e flexíveis no trabalho pode tornar a convivência muito mais leve. Contudo, é necessário saber o momento de ser firme em suas ideias e opiniões.

A assertividade costumava ser associada ao pedantismo e a arrogância. No entanto, agora que essa habilidade tem sido muito procurada no mercado de trabalho, esses estigmas têm sido abandonados.

Possuir uma comunicação assertiva é ter a capacidade de comunicar-se de maneira mais clara e segura. Para isso, seus discursos sempre devem ser fiéis às suas ideias e valores, não tenha medo de se expressar e não permita que seus limites sejam violados. Por outro lado, você não precisa se expressar de maneira hostil, discordar não é a mesma coisa que confrontar. Em uma discussão saudável, todos os lados devem estar dispostos a manifestar e receber de maneira respeitosa. Diz-se, por isso, que a comunicação assertiva está no equilíbrio entre a passividade e a agressividade.



Ser ou não ser? Eis a questão mais importante!

Ai ai, Horácio. Quando se trata de ter uma boa comunicação, existem mais sugestões entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia - sempre há como melhorar. E diante de tantos conselhos, observa-se a importância da autoanálise. É fundamental questionar suas próprias habilidades, só assim você saberá quais ajustes devem ser feitos. Esse “ser ou não ser” poderá mudar a forma com que você enxerga suas capacidades comunicativas.

Esse processo de aprendizagem e aperfeiçoamento pode levar tempo. Então, persista e seja paciente consigo mesmo. Dessa vez não é Polônio que te ensina, é o próprio Shakespeare: “Se não foi hoje, amanhã será. Se não for amanhã, um dia há de ser. A paciência é uma das maiores virtudes do ser humano, tenha calma e espere sua vez de vencer.”





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